quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A camuflagem e o mimetismo de um governo anarquico. Uma publicação de 2009








*Nildo Lima Santos








           No estudo biológico de como se comportam os animais, principalmente, em se tratando da própria sobrevivência, nos são apresentados pela mãe natureza vários tipos de situações. As que nos chamam mais a atenção pelo elevado grau de primor no capricho da natureza são as que dotaram alguns animais da qualidade de se camuflarem para se livrarem dos seus predadores e, até mesmo para atacar as suas presas. E, uma das capacidades semelhantes à camuflagem é o mimetismo, isto é, a capacidade que têm certos animais de tentarem parecer com outros animais, com o intuito de parecerem quem não os são. 

               Este tipo de camuflagem é a que mais é utilizada pelo homens para se livrarem ou atrairem outros que os ameaçam em suas sobrevivências e objetivos. Principalmente quando se trata do domínio de uns sobre os outros, em todos os sentidos e, que se amplia com maior segurança e rapidez através da política que é capaz de satisfazer às mais diversas ambições do ser humano para todos e quaisquer objetivos. E, em se tratando de política e políticos, comparações com o Estado Brasileiro atual não são meras coincidências!!! É realmente a estratégia de domínio de classes de humanos que se juntam e se misturam em suas diferenças, mas, com coincidências apenas nos seus objetivos: “o de usurpar o Estado em seu próprio benefício”. Daí, o predomínio do patrimonialismo, do clientelismo, do nepotismo e da corrupção que envergonham aos homens de bem e a pátria, estes, infelizmente, muito raro encontrarmos na sociedade brasileira, principalmente, naqueles ditos excluídos que vivem na barbaridade quase pré-histórica, mas, que descobriram a força do voto para o alcance dos seus objetivos que se misturam e se confundem, em espécie, com os que têm melhor nível cultural e de conhecimento e, portanto, a estes se prestam e emprestam como massa de manobra. São os dirigentes dos sindicatos e, sindicalistas; são os dirigentes dos movimentos sociais, oficiais ou não; são os dirigentes dos conselhos de profissões regulamentadas; são as categorias de trabalhadores e servidores da área pública que defendem o Estado somente naquilo que mais lhes interessam e, que enganam a sociedade fragilizada em sua concepção e, na concepção do Estado.

             Prova inconteste é a promiscuidade no loteamento das funções públicas do Estado para parentes, apadrinhados e companheiros de partido sem que sequer o indicado e nomeado atenda às mínimas exigências necessárias, tanto com relação ao conhecimento e experiências, quanto à idoneidade. Enfim, não interessa o Estado e suas necessidades reconhecidas pelas necessidades da população em geral, o que interessa é que o grupo de companheiros continue coeso e camuflado para o bem próprio e sua sobrevivência como grupo, mesmo que seja o maior predador da espécie humana.

            Uma outra prova é a cooptação de apoio de membros de outros partidos para que se alcance a maioria no congresso, com a argumentação que se está buscando a governabilidade – Diga-se: “a condição ideal de fazer o que bem entende, inclusive, de praticar atos ilícitos que incluem a corrupção, sem o mínimo de resistência, pois o Poder Fiscalizador se mistura com o Poder Corruptor.” –; então é o Estado merecido pela sociedade que é podre em suas raízes e que segue contaminada em suas ramificações reconhecidas nas representações maiores da referida sociedade.

            Destarte, o governo se torna anárquico onde o Poder do Estado se confunde com o Poder dos corruptos e corruptores; dos padrinhos e apadrinhados; dos eleitos e eleitores. É anárquico, apenas na concepção vulgar e, filosoficamente visto como política, onde apenas se assemelha no instante em que se compara com o movimento político, denominado de Anarquismo, surgido na Europa em meados do século XVIII e, no Brasil, por volta de 1890, cujo ideário é a luta por uma sociedade em que ninguém tenha poder sobre ninguém e, pela ênfase que se dá à liberdade e à negação de qualquer autoridade. É o movimento que tem sua base de sustentação na baixa instrução das massas populares, onde quem sabe ler é a minoria e, os que sabem escrever são mais raros ainda. É, portanto, o Estado dos movimentos sem controle. Como exemplo: o MST – Movimento dos Sem-Terra.

            O ponto crucial que me aterroriza e, causa-me desconforto, é o fato de que enxergo claramente, que o mimetismo, na forma pensada por Platão: “a imitação como elemento central da filosofia”; e, que hoje está a impregnar a política e definir as diretrizes e ações políticas que permeiam a sociedade brasileira, tende a ser duradoura por ter encontrado um fértil terreno na sociedade brasileira apodrecida desde a sua formação.

*Nildo Lima Santos. Consultor em Administração Pública. Pós-Graduado
em Políticas Públicas e Gestão de Serviços Sociais.

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