quinta-feira, 26 de julho de 2018

O Significado da Mensagem de Jesus Cristo (?). Um belo texto escrito por um Maçom, último grau






Um belo texto escrito por um maçom, último grau, José Edmilson Amaro Peixoto, que bem esclarece o que é verdadeiramente a Maçonaria. Teor de artigo pertinente, publicado em junho de 2000, na revista maçônica “O Amanhã”, Supremo Conselho do Brasil, Brasília – DF, nº 12, pgs. 11 e 12, que merece ser reproduzido considerando os ditos e escritos nas redes sociais – na falta do conhecimento (ignorância) e, especialmente, nas idolatrias e fanatismos – que tentam fazer desacreditar à sociedade em geral a grande instituição milenar e universal, satanizando-a despudoradamente sem nenhuma base na fundamentação da verdade, por menor que seja.  Nildo Lima Santos  


O Significado da Mensagem de Jesus Cristo (?)

                                                                 José Edmilson Amaro Peixoto – 33

Pretencioso, certamente, é o título do presente, haja vista que toneladas de papel, tinta e sangue já foram utilizados e derramados em torno do entendimento da mensagem de Jesus Cristo. Assim, não seria eu, que sequer me julgo no direito de designar-me de maçom, vez que sabido é que “Nenhum ser tem o direito de chamar-se de maçom, porque ser maçom é ser super-homem iluminado, que segue o caminho da verdade e da virtude, fazendo delas carne de sua carne, sangue de seu sangue, vida de sua vida. Esse é Jesus, o único homem iluminado, portanto, maçom dotado da verdadeira humildade, a qual sabemos, é a virtude dos santos. Portanto, maçom.

Na qualidade de um aprendiz-maçom e com a humildade do simples mortal, pedindo ao GADU que me ilumine, passo a considerar que dois mil anos depois da vinda de Jesus à Terra, ainda vivemos os horrores das guerras, da fome e dos conflitos raciais. A disseminação do amor universal e da fraternidade continua sendo um desafio para a Maçonaria, bem como para a humanidade.

Nesta era, cristã, ainda é preciso saber se a passagem de tanto tempo deve ser motivo de glória e comemoração, ou de vergonha e pesar: Glória, sim: porque são cerca de 20 séculos de uma religião voltada para o amor e a fraternidade universais. E também vergonha, porque, já no segundo milênio de aprendizado, ainda vivemos em meio a guerras sangrentas, massacres de inocentes, corrupção e falta de fraternidade.

Estamos rodeados de sinais de luz e sombra. Tudo o que há de melhor e de pior na alma humana parece vir agora à superfície para o ajuste de contas. Nunca houve tanta sabedoria à disposição do ser humano. Jamais se viu tanta maldade. O mundo todo é um só, e a falta de diálogo é enorme. A história humana sempre viveu esse controle. Mas agora a contradição está mais viva do que nunca.

Esse momento de transição parece adequado para se examinar honestamente uma questão básica: Qual o significado da mensagem de Jesus Cristo, para a humanidade e para cada um de nós? É um objeto de adoração, uma figura divina que nós matamos na cruz, mas louvamos, para que perdoe nossa maldade? Um deus personalizado a quem pedimos ajuda em momentos difíceis? Ou Jesus é uma fonte real de aprendizado, um símbolo do centro de paz presente em cada coração humano, e graças ao qual aprendemos a assumir total responsabilidade por nossos atos e por nossas vidas? Ele é apenas um ídolo que adoramos, ou um mestre divino com quem aprendemos a viver? E o que é o ensinamento cristão: um dogma hipócrita ou um guia para a nossa conduta prática? São perguntas que muitos ainda não conseguem responder.

Não basta examinar apenas nossa conduta, é preciso reavaliar, também, quais são as nossas convicções e nossas intenções mais secretas. A crença no Mestre e a descrença nos seus ensinamentos é o estranho e fatal paradoxo que vem predominando ao longo da história da cristandade.

Dois mil anos se passaram e a seca no Nordeste brasileiro continua matando pessoas, enquanto os ricos transferem dólares para contas secretas no exterior. Somos todos cristãos sinceros, mas a violência nas grandes cidades aumenta e se transforma em espetáculo grotesco usado nas telas de tevê.

Jesus, em João, 15, disse: “Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vocês são meus amigos se praticam o que recomendo.” O Mestre não quer adoração, pede apenas que pratiquemos o primeiro mandamento da sabedoria eterna, que é a lei da fraternidade universal.

O princípio do amor universal nos faz colher conforme o que plantamos. Quem planta injustiça colhe sofrimento. Daí a importância de plantar a solidariedade para ser feliz. O plantio é livre. A colheita é obrigatória. Na situação brasileira atual, a retribuição cármica da injustiça social inclui a violência urbana e a própria degeneração das elites. Mas o sofrimento dos justos também será recompensado.

A hipocrisia na cultura brasileira tem a tendência de achar que somos bons e o mundo ao nosso redor é mau. Mas se toda a população brasileira é boa, por que então há tanto sofrimento no País? Na verdade, somos basicamente bons, mas nossas ações são frequentemente más. Esse doloroso paradoxo foi descrito por são Paulo: “Não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero” (Romanos, 7.19). A tarefa, então, é examinar melhor nossas ações – e as nossas reais motivações – em todas as esferas da vida. A auto-observação honesta é nossa melhor defesa para não cairmos nas areias movediças da hipocrisia.

Jesus denuncia os dogmas e as burocracias religiosas da sua época e é perseguido por isso. Para ele, o contato com o mundo divino se dá sobretudo no templo que é cada coração humano.

Na vida cristã, portanto, o importante não são as discordâncias teológicas ou enquadramentos institucionais, nem a preferência por esta ou aquela igreja, porque a prática é o melhor critério para a verdade, e a árvore se conhece pelos frutos (Mateus, 7:17-20).  

A religião humana é universal. Mas essa universalidade não é burocrática ou institucional. É interior, essencial e não aparente. A sabedoria divina foi dando origem a diferentes religiões, e a ignorância humana foi construindo dogmas e tecendo a crença de que, se um instrutor estava certo, todos os outros deveriam estar errados. Na verdade, todos os instrutores foram inspirados pela mesma fonte de conhecimento divino, embora o nome dessa fonte possa mudar conforme a cultura, o país, o idioma e as necessidades específicas de quem busca a verdade.

A civilização humana volta a ser uma só, a economia passa a ser global e as religiões redescobrem o diálogo, prepara-se à próxima redescoberta do fato óbvio de que uma só sabedoria divina guia desde sempre os humanos, e que ela nos inspira não por meio de uma única religião ou filosofia, mas por meio de todas, porque a diversidade cultural é parte da nossa riqueza. E mais ainda: ela nos guia a partir dos corações humanos, onde não cessa de brilhar (como a luz do Cristo), apesar de todas as ilusões e da ignorância.

Por isso Jesus não disse, em seu Sermão da Montanha, “bem-aventurados os que acreditarem cegamente em mim”, mas sim, “bem-aventurados os que promovam a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt., 5:9). A pratica da fraternidade é o único alicerce firme sobre o qual se pode construir uma vida individual, uma cidade ou um país: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem sensato (...)”.

O Novo Testamento não perde sua atualidade, mas se aplica sempre ao nosso presente e mostra as possibilidades ilimitadas do nosso futuro. Além dele, o Velho Testamento. A quem tem olhos para ver.

O grande desafio é perceber que a verdadeira ressurreição de Cristo deve dar-se nos corações humanos, e mostrar-se de modo prático por intermédio da regeneração espiritual, social, econômica e ecológica do nosso processo civilizatório. Quando isso ocorrer, teremos a necessária sabedoria para fazer o bem que queremos e não fazer o mal que não queremos. E ficará claro, finalmente, que o ensinamento de Jesus não nos foi transmitido em vão, mas frutificou a tempo.


Nota deste Blog: O Conselho Editorial da Revista “O Amanhã”, pg. 1, em Nota de Rodapé, informa: “Os artigos aqui publicados seguem as normas do Conselho Editorial, podendo ser adaptados, condensados e editados, respeitando, porém, a liberdade de opinião, a visão filosófica e o estilo dos autores.

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