UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO SOCIAL
ALUNO: NILDO LIMA SANTOS
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO SOCIAL
ALUNO: NILDO LIMA SANTOS
- MODERNIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Restrições e Perspectivas de Mudança.
MAIO/98
1 - INTRODUÇÃO
O tema apresentado, para o trabalho, onde se inicia
com verdades incontestáveis sobre o Estado Brasileiro e a sociedade de nossos
dias e com questionamento final sobre as políticas públicas e, como ficarão as
políticas públicas face às tais verdades, as quais não contribuem para a
eficácia de tais políticas, levou-me a caminhar rumo a idéias e a
situações vivenciadas na prática do
dia-a-dia na administração pública municipal, como Consultor em Administração
Pública onde tenho a rara oportunidade de idealizar e conceber normas
administrativas e jurídicas quê de certa forma, mesmo em proporção ínfima,
quando olhada no nível de Nação (Estado Brasileiro), contribui para alteração
deste Estado.
Na condição de profissional especializado na área
tenho sido convidado para inúmeras palestras quê, de certa forma, estão muito
relacionadas ao tema. Uma delas com o tema “MODERNIZAÇÃO
PÚBLICA”, proferida no dia 15 de maio próximo passado, no Auditório
Clementino Coelho na INFOVALE’ 98 - III Congresso de Feira de Informática e
Telecomunicações do Vale do São Francisco - Petrolina - PE, servirá como base
para este trabalho o qual tem o título de: “Modernização
da Administração Pública - restrições e Perspectivas de Mudança”.
2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
2.1. O avanço do texto constitucional, com certeza,
não foi o mais adequado ao nosso povo que sofre, ora do mal da ignorância, ora
do mal do oportunismo viciado que há séculos condiciona a sociedade brasileira.
A ignorância não só dos analfabetos e semi-analfabetos, mas também da grande
maioria dos que detém a largura do conhecimento imposto pela mídia nos meios de
comunicações. Daqueles, condicionados pela aldeia global a desserviço da
verdade e da cultura brasileira. Os que escapam da ignorância caem na classe
dos oportunistas, com raríssimas exceções. No meio dos oportunistas encontramos
também alguns que conhecem as ciências sociais, são experts na manipulação da massa humana condicionando-a as “verdades”
que sabem não serem verdades. São frios e calculistas que engendram múltiplos
arranjos para sempre estarem senhores da situação e por cima. São os que se
aproveitam de qualquer oportunidade e que criam oportunidades para se
beneficiarem sem pejo e escrúpulos.
2.2. Destarte, a Constituição não foi feita para este
povo. Os que ousaram sonhar com a verdadeira reforma do Estado através da
“Constituição Cidadã”, não tardaram a despertar para a realidade da
“contra-reforma”. Isto é, para a
realidade da reforma constitucional que pretende mudar tudo para ficar como já
é. É o caso da “quebra do regime
jurídico único” e do “fim da estabilidade” para os servidores públicos.
2.3. As políticas sociais com as
mudanças significativas previstas na Constituição Federal não conseguiram sair
do papel, a qual com a grande quantidade de dispositivos forma um livro de
volume significativo. Deliberadamente os
políticos e governos pós-constituintes não regulamentaram os dispositivos
constitucionais necessários aos avanços sociais. Muito pelo contrário, alegando
a incapacidade do Estado de assumir o papel social os privativistas encontraram
uma oportunidade ímpar de usurpar a “res-pública” na polarização contrária ao
Estado Social. Justifica o pensamento neoliberal, de que, com as privatizações
e com a força do mercado, o tão sonhado bem-estar-social será alcançado
naturalmente pela auto-regulamentação da economia.
2.4. Diante de tais fatos é impossível se acreditar nas
boas intenções de governos estabelecidos no País sob a égide do domínio
capitalista com mistos de socialismo que se confundem e propiciam o assalto do
Estado pelos oportunistas.
2.5. A reforma da Constituição Federal nos aparenta uma
grande falácia que, ao invés de fortalecer o Estado Brasileiro o debilita ao
ponto de colocar em risco a sua soberania. Como se falar em políticas públicas
se o Estado está determinado e sujeito às conjunturas globalizadas?!...
2.6. A rigor, o espectro da
globalização ao se desenhar como uma boa oportunidade de desenvolvimento e de
modernização esconde o seu lado verdadeiro tétrico e de destruição da força do
trabalho pelo seu lado concentrador de capital e de oportunidades. Este lado ruim os neoliberais – no misto
perverso de intenções – não deixam transparecer. É o lado em que a sociedade
está fora dos planos dos dominadores (dos detentores do capital),
principalmente dos excluídos e da massa sobrante de grande parte dos países
latinos e africanos que não têm nada a oferecer ao capital e, apenas, servem de
justificativas de suas falaciosas intenções para a sustentação dos que dominam
os poderes políticos ao longo de anos seguidos.
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS REFLEXOS NO
ESTADO BRASILEIRO.
3.1. QUESTÕES
CONJUNTURAIS
A administração pública em nosso país, sempre foi
problemática. Infelizmente nunca tivemos
bons administradores públicos, e os raros destaques não conseguiram que os seus
bons exemplos ultrapassassem a sua gestão. A rigor o princípio da continuidade
dos serviços públicos não tem sido aplicado na administração pública
brasileira, a qual está há décadas distante do primeiro mundo, principalmente
dos países da comunidade europeia.
Em verdade a administração pública no Brasil foi
sempre ameaçada de indefinições em função de problemas conjunturais, os quais
determinam sempre as decisões dos gestores que não se preocupam em dar uma base
solida a administração pública.
As questões ligadas ao funcionalismo público; as
normas sobre licitações e, o papel do Estado; são exemplos claros do que ocorre
com a administração pública.
O que sempre parece ser moda para a melhoria do
serviço público, muitas vezes mascara a intenção dos que tentam a todo custo
privatizar o que deveria ser público, com a intenção verdadeira do crescimento
patrimonialista de privilegiados grupos oligárquicos dominantes.
3.2. QUESTÕES ESTRUTURAIS
A formação da estrutura do Estado Brasileiro se
assenta em bases conservadoras que não permitem o avanço tecnológico e a
modernização das instituições públicas. A rigor, a insistência na permanência
no sistema atrasado de administração é na verdade a sustentação do “status quo” dos grupos oligárquicos
dominantes.
3.2.1 Formação
da estrutura do poder
A estrutura do poder se assenta no conservadorismo
político onde a sociedade pouco participa. Desta forma é viciada e imposta por
regras anti-democráticas legitimadas pela grande massa inconsciente que, sem
escolha, deposita o seu voto nas urnas.
Menos de 0,3% dos eleitores brasileiros estão
filiados a partidos políticos, pois que, a estrutura centralizada com normas
feitas ao gosto do poder dominante não permite a universalização dos direitos
políticos.
O processo de escolha se irradia por todas as
estruturas de Poder
(executivo, legislativo e judiciário), transformando-as ineficazes ao
desenvolvimento do Estado, não permitindo a modernização da administração
pública.
No caos administrativo não existe a personificação
dos culpados. A culpa é da própria organização e da sociedade. Não existem
sistemas de corrupção nem corruptor. Existe apenas uma sociedade culturalmente
subdesenvolvida. Estas são premissas dos inescrupulosos que transitam
livremente pelas estruturas do Poder Estatal.
3.2.2. Cultura
Organizacional
Em função da carcomida estrutura do poder no Estado
Brasileiro, não foi dada atenção devida aos organismos públicos que padecem da
ausência do “princípio da continuidade
dos seus serviços”. Desta forma sempre foi impossível uma mudança razoável
na cultura organizacional de tais organismos.
Exemplos de más administrações no cenário brasileiro
não nos têm faltado:
3.2.3.
Estruturas arcaicas
As estruturas dos órgãos públicos são
centralizadoras e exageradamente verticalizadas. Administração por delegação e
por colegiados é pouco usada no Brasil, incluindo a iniciativa privada que,
também, com seus vícios de oportunismo só se utilizam do sistema “colegiado” para
a obtenção dos benefícios jurídicos que o sistema oferece.
3.2.4. Pessoal
Inadequado
O pessoal envolvido na Administração pública é
inadequado recrutado através do apadrinhamento e dos interesses dos dirigentes
maiores, não passa por um processo de qualificação, pois, o objetivo de tais
dirigentes não é a boa prestação dos serviços públicos.
3.2.5.
Equipamentos Obsoletos
A ausência de compromisso com a coisa pública não
leva os administradores públicos a modernizar os seus equipamentos para
racionalizar, simplificar e dar celeridade a procedimentos.
3.2.6.
Procedimentos Inadequados
Os procedimentos são inadequados e não atendem a uma
visão lógica e racional. São implantados de forma cartorial criando ilhas
isoladas que atendem aos interesses egoístas de indivíduos a “desserviço” do
Estado e, nele ancorados. Os quais poderemos enquadrá-los como políticas/
eleitoreiras, patrimonialistas e de alienação da sociedade através da mão
invisível do neocolonialismo que se tem mostrado como novo, apenas, nas figuras
patéticas dos oportunistas que se comportam como os novos coronéis da política
brasileira.
As normas, ou não existem ou são viciadas. Os fluxos
são impeditivos para um bom desempenho dos processos administrativos não
permitindo maior eficácia e celeridade na consecução dos resultados.
4 -
PERSPECTIVAS DE MUDANÇA
Nem tudo está perdido, pois que, a conjuntura atual
apresenta boas perspectivas de mudança. São forças de reação à grande crise do
Estado Brasileiro e à grande crise das nações não desenvolvidas que se sujeitam
às mais diversas formas de exploração pelos países dominantes, tendo por conseqüência
a exclusão da população, dos países espoliados, do acesso aos bens de consumo e
aos benefícios sociais.
4.1. Mudança face à nova ordem constitucional
Com a Constituição Federal foram estabelecidos
grandes avanços nas concepções institucionais que permitem o fortalecimento e aprimoramento
do Estado Brasileiro. Os órgãos de fiscalização passaram a atuar mais sobre os
organismos públicos, mas, ainda, é bastante incipiente.
A filosofia de descentralização e desconcentração
passou a ser mais forte, mesmo considerando os riscos da perda do controle
pelas vias dos poderes transversos, dado a incompetência da Administração Pública
e do sistema político que permitem, assustadoramente, a apropriação do Estado
pelos oportunistas e incapazes. A primeira (descentralização) com maior autonomia
dada aos municípios e com um novo rol de competências destinadas aos mesmos
através de dispositivos constitucionais. A segunda (desconcentração) com a
participação da sociedade organizada através de Conselhos Municipais e fundos
contábeis especiais.
4.2. Mudança face à nova ordem mundial
A crise mundial força-nos a pensar um novo Estado e
uma nova sociedade. A “mundialização” da economia que ora acelera o processo de
exclusão nos países não ricos, os impulsiona a novas regras de controle e
racionalidade na gestão da coisa pública. As pressões sociais, cada vez, mais
acentuadas e frequentes, força o sistema dominante a concessões para a sua
própria sobrevivência.
4.3. Mudança face à escassez de recursos
A escassez de recursos financeiros como consequência
dos imensos déficits públicos, agravados pela má distribuição destes, que cada
vez mais acentua as desigualdades regionais, aliado ao inadequado sistema de
distribuição do produto tributário e, à opção do governo Federal de aumentar o
seu caixa tem exigido dos governos estaduais e municipais esforços não
empreendidos anteriormente. São forçados a capacitar pessoal para a
racionalização dos recursos, a enxugar a máquina administrativa e a promover
ações destinadas ao aumento da arrecadação própria.
4.4. Mudança face aos avanços tecnológicos
Com o acelerado desenvolvimento da Informática na
última década leva os administradores a possibilidades incríveis na solução de
problemas gerenciais das múltiplas áreas governamentais. Foram desenvolvidas
ferramentas ágeis que se encontram disponíveis no mercado.
Uma das ferramentas mais sensacionais que
possibilita mudanças na administração pública é a INTERNET aliada ao sistema de geoprocessamento de dados, onde esta
associação permitirá a disponibilização à população, à comunidade científica e
principalmente às várias instituições públicas, dados fundamentais para estudos
e elaboração de projetos. É a possibilidade de se redesenhar a realidade
estatística do país e o seu desenvolvimento.
OBSERVAÇÕES: “Qualquer semelhança nos dias atuais 2010, não são meras coincidências. Este enredo já estava escrito há mais de dez anos – especificamente em 1998. Entretanto, não contávamos com a dissimulação dos petistas e a imensa capacidade destes e de seus aliados se encaixarem tão bem nas engrenagens da Administração Pública para emperrá-la com prejuízos imensos ao Estado Brasileiro, ao longo dos quase oito anos de Poder.”
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