domingo, 26 de abril de 2009

AS VIRTUDES E OS PECADOS DOS GOVERNOS MILITARES

*Nildo Lima Santos

A idéia de escrever sobre fatos que vivi na minha vida tem me atormentado e perseguido há bastante tempo. Não sei muito bem a razão!!! Talvez seja o fato da necessidade de demonstrar e registrar a verdadeira história que, infelizmente, ainda, é um tabu para os meios de comunicações a comunidade acadêmica e historiadores que, intencionalmente, por covardia e medo de se exporem contra a corrente que ora domina a política brasileira e, até mesmo por conveniências, não reconhecem as virtudes dos governos militares. Virtudes estas que são intrínsecas à própria condição de terem sido governos por militares. Governos dos que tiveram e têm bons costumes. E, têm bons costumes os que tiveram, a priori, a oportunidade da formação familiar, o respeito ao próximo e à pátria. Se estes foram escassos a alguns homens, as forças armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica, serviam e ainda servem para suprir aos que não os encontraram e encontram no seio de suas famílias. A ordem, a disciplina, hierarquia, o respeito: às instituições, aos símbolos nacionais, aos superiores, ao próximo, aos mais velhos, ao erário público e à liberdade, para ir e vir, e de propriedade legal, sempre foram e serão regras para os de bons costumes.

Ao se falar em bons costumes remonto à época do meu avô que me deu a oportunidade de conhecer e vivenciar na prática o que representa a consciência de cidadania. Foi a partir daquele homem que aprendi a reconhecer as virtudes e estas – diga-se de passagem – estão sempre relacionadas a ações em prol do bem ao próximo. Mas, que, para isto há de se submeter às regras interiorizadas e que ajudam a moldar a personalidade do ser humano. Dentre elas as que são passadas de geração para geração (de pais para filhos) no âmbito da família e, dos comandos para comandados, no âmbito da família militar.

Graças a Deus tive a felicidade de passar por estes dois processos, tanto no seio da família quanto na família militar que se relacionavam fortemente no passado. A começar da minha casa onde rotineiramente minha mãe recebia meus tios, exatamente, em número de sete (7) que integravam as Forças Armadas – três no Exército, onde chegaram aos postos do oficialato superior e um que serviu à FEB- Força Expedicionária Brasileira; dois na FAB – Força Aérea Brasileira, também, chegando ao oficialato e, um na Polícia Militar do Distrito Federal. E, que em momento algum pude perceber qualquer diferença do ponto de vista conceitual da ética e dos bons costumes. Eram de fato, homens bons e de bons costumes, assim como era o meu avô, fundador da Maçonaria e da Igreja Batista em Juazeiro, cidade do interior da Bahia, que teve a visão e a responsabilidade de levar seus filhos para o Rio de Janeiro e encaminha-los para a boa escola da vida de correção e amor à pátria e ao próximo. Caminho seguido por estes que, eu também, tive a oportunidade de segui-los quando sentei praça no Exército por longos seis anos onde testemunhei e aprendi o respeito ao que é público e às leis do meu País. Não roubarás!!! Não faltarás com a verdade!!! Não faltarás com o respeito aos teus pais, as autoridades constituídas e, às leis do teu país!!! Não te desonrarás e ao teu país!!! Não fugirás às tuas responsabilidades!!! Respeitarás ao teu próximo para que sejas respeitado!!! – Tanto foram ensinamentos dos meus avós e pais, quanto foram, também, ensinamentos dos meus superiores no Exército. Ensinamentos que, tinham uma única ressalva: - Respeito tem e o merece aquele que o respeitar. É muito simples: “- Ser correto e justo não baixar a cabeça para ninguém”.

Estas virtudes eu testemunhei nas fileiras do Exército Brasileiro e, no governo militar, na oportunidade que tive de participar, por mais alguns longos anos, no Rio de Janeiro e em Brasília, de 1968 a 1982, bem antes de me dedicar às atividades de consultoria em administração junto a organismos do Estado da Bahia, a municípios e, às organizações da sociedade civil. Eu não me lembro de nenhum caso de corrupção que envolvesse os dirigentes das empresas estatais na época do governo militar. A razão?! – A índole, os bons costumes e a origem dos indicados e nomeados para os cargos das múltiplas esferas públicas e, a rigidez de controle que existia na administração pública que era originária da rigidez da administração pública feita pelos militares nas Forças Armadas, onde se percebia nitidamente os comandos e as maiores funções da administração pública, que são: planejamento, descentralização e controle. Às quais, aliadas à disciplina militar – no melhor dos sentidos pró-ativos na formação da consciência coletiva caracterizadora da virtude – foram importantíssimas para a modernização do Estado Brasileiro que amargava crises profundas de identidade pela imposição da ordem mundial, da época, na escolha de um dos dois lados polarizados: – ordem ou anarquia? – Submissão à ditadura proletária da União Soviética ou submissão ao capitalismo selvagem liderado pelos Estados Unidos a América, mas que permitia maior liberdade do que o comunismo?! Hoje, a sociedade tem boas respostas! Já pensaram se não tivéssemos a oportunidade de termos o governo militar por breves vinte anos?!... – Foram breves sim! ...se levarmos em conta a comparação das realizações dos governos militares com as dos governos dos civis que se arrastam por mais de vinte anos e, quase nada de proveito deixaram como legado.

A corrupção, o patrimonialismo, o clientelismo, a imoralidade, o desrespeito aos símbolos da pátria, a desordem, a violência urbana e no campo, a incompetência na gestão pública, tudo isto, são conseqüências dos grandes pecados dos governos militares. O pecado de não conseguirem extirpar as células cancerosas que se nutriam nas políticas no âmbito dos municípios e, que contaminaram todo o corpo do Estado Brasileiro e, de dentre elas, ter fortalecido algumas bem próximas dos órgãos vitais do corpo do Estado. Se por um lado, os governos militares foram virtuosos na erradicação do Estado Brasileiro que não abrangia os entes menores, municípios – excetuando-se raríssimas vezes naqueles capitais de Estado e naqueles considerados de área de segurança nacional –, por outro lado pecaram pela falta de atenção e por não terem levado em consideração o que acontecia nos Municípios Brasileiros, cuja corrupção, descaso, e toda ordem de descalabros acontecem e remontam desde o final do império com a República Brasileira. E, que foram as células cancerosas que contaminaram todo o Estado Brasileiro na oportunidade de fornecerem para as hostes dos partidos políticos e cargos públicos, indivíduos das piores espécies, sem formação e sem os bons costumes – salvando-se raríssimas exceções – necessários para ocupação de qualquer cargo publico, por mais simples que este pareça ser, quanto mais, os da mais alta decisão do Estado.

Esta transição histórica, não louvável – do ponto de vista do aprimoramento do Estado –, não foi boa e ideal para o Estado Democrático de Direitos que ainda clama por uma nova ordem em benefício de todos e, não somente dos privilegiados que ostentam cargos políticos.

Este é o meu ponto de vista. Sem saudosismos, mas, com justas referências que são a realidade que os historiadores e a imprensa se omitem em informar.


*Nildo Lima Santos. Consultor em Administração Pública. Pós-Graduado em Políticas Públicas e Gestão de Serviços Sociais.

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