* Nildo Lima Santos
Tetraplegia é a perda dos movimentos da maior parte do corpo do ser humano. É o mal reconhecido pela perda dos movimentos dos braços e das pernas. Somente funciona a cabeça, isto é, do pescoço para cima pela falta de comunicação e de comando dos impulsos do cérebro para as demais partes do corpo. A tetraplegia nas organizações compara-se à tetraplegia espinhal no ser humano, onde a falta de ligação do cérebro para com o corpo, principalmente, os membros superiores e inferiores, deixa-os parcialmente ou completamente paralisados, mas, permanecendo o cérebro com todas as suas funções normais por não ter sofrido nenhuma lesão. Destarte, permanece com todas as suas funções vitais de comando, entretanto, não encontra respostas para este comando em razão da incapacidade da maior parte do corpo receber, assimilar e interpretar as informações; destarte, ficando inerte quando a falta de ligação é total, ou sujeito a movimentos desordenados e desconectados em suas funções essenciais quando ainda existe uma ligação parcial. Grosseiramente exemplificando: uma perna toma uma posição e a outra a posição contrária, então, não se chegará a lugar algum e a tendência é o corpo se espatifar no chão. Isto é, o todo se espatifar.
Existem, por aí afora várias organizações acometidas por este tipo de mal. Principalmente, a maioria das administrações públicas e, especialmente as municipais. A razão? - O diagnóstico é simples para um razoável analista organizacional; mas, para os leigos nas teorias organizacionais dificilmente existirá a percepção para esta anomalia. Ainda mais, que, os agentes públicos não estão colocando em risco nenhuma parcela do seu patrimônio e, portanto, se acham superiores e soberanos em suas decisões e sujeitam a “res-pública” a toda ordem de absurdos. São advogados, contadores, assessores parlamentares, marqueteiros, profissionais da imprensa e outros mais, que se arvoram de conhecimentos que não os têm para desenvolverem estruturas que exigem profundos embasamentos teóricos da área de desenvolvimento organizacional e, grande experiência na área pública com o conhecimento das mais complexas funções de governo e a relação sistêmica dos processos e sub-processos necessários e que envolvem este imenso ecossistema organizacional que é o Estado. Daí as conseqüências são gravíssimas com imensos prejuízos aos cidadãos e, consequentemente ao Estado Brasileiro que não se faz reconhecer como um Estado Organizado; mas tão somente como um amontoado de órgãos e agentes públicos que praticam ações desordenadas, sem planejamento, sem direção, sem comando, sem coordenação, sem organização e sem controle – quando as praticam –, portanto, qualquer semelhança a estas afirmações, não são meras coincidências.
A Administração Pública Municipal de Juazeiro - Bahia é um destes maus exemplos, onde foi pensada e formalizada apenas a estrutura próxima ao Prefeito, dos seus assessores e secretários, que, apesar da boa intenção – e, quanto a isto não tenho dúvidas –, não formalizaram as unidades e subunidades dos escalões intermediários e inferiores. Portanto, a falta de providências é escandalosa, já que, os braços e as pernas não sabem o que fazer e a quem obedecer, vez que, somente enxergam na relação sistêmica organizacional, aquilo que as suas visões alcançam, o que propicia toda ordem de disfunções gerando imensos conflitos organizacionais que se exteriorizam para a população na forma de falta de providências, omissões e descasos, apesar das boas intenções, idoneidade e vontade do gestor e de seus assessores mais próximos, que de fato, são o cérebro do Poder Executivo Municipal. Mas, ainda há remédio, já que a tetraplegia é do tipo espinhal diferentemente da tetraplegia que se origina no cérebro como já ocorreu em passado recente e, que não tem cura a não ser através da mudança do corpo inteiro, a partir da cabeça.
*Nildo Lima Santos. Consultor em Administração Pública. Analista de Desenvolvimento Organizacional. Bel. em Ciências Administrativas.
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