sábado, 28 de fevereiro de 2015

A mentira e a desconfiança reconhecidas no governante desacredita-o perante os governados deslegitimando-o em um sistema democrático



Nildo Lima Santos. Consultor em Administração Pública



A verdade e a confiança são atributos indispensáveis para que seja possível a existência da legitimidade de um governante em um sistema democrático; vez que, o governado quando o escolheu pelo voto, assim, o fez ao ter sentido que o escolhido era verdadeiro e, lhe inspirava confiança para o exercício da função de governante. Portanto, se este passa a ser reconhecido como mentiroso e ser visto com desconfianças pelos governados, perderá o governante a legitimidade que lhe foi conferida em certo momento pelo voto. O rito do povo é um pacto contratual que, nesta condição, inevitavelmente, será quebrado com a rescisão que se dará de forma natural com a renúncia do governante ou, através do litígio entre os pactuados – povo e governante. E, o julgamento do litígio, a depender das condições que se apresentem pela realidade dos fóruns julgadores, em suas instâncias assegurados pela normalidade das instituições, se dará de forma natural com o afastamento imposto ao governante pelas vias institucionais com o impedimento deste para continuar no exercício do cargo. Mas, se tais fóruns institucionais falharem, necessariamente e, excepcionalmente, o povo no seu amplo e legítimo poder natural pela soma das vontades de cada indivíduo, em suas coincidências, elegerá e/ou criará seus fóruns excepcionais para o julgamento do litígio e o ordenamento do mesmo a fim de que se prevaleça a vontade da maioria da população. Não importa que as providências sejam tachadas ou, não – por parte da minoria do povo –, de golpe ou intervenção. Pois, tais adjetivações não dão motivo ao reconhecimento da legitimidade do governante indesejável.  Caso a rescisão contratual seja realmente, por golpe ou intervenção dada a necessidade da varredura e correção das situações detectadas nas instituições públicas e civis que impossibilitam a manutenção do pacto legitimamente firmado com o governante através do voto que deixou de ser honrado e, portanto, não há mais razão da continuidade do contrato, já que o governante – objeto depositário da confiança e da credibilidade da maior parte de um povo, reconhecido pelos seus eleitores e, pela soma dos indivíduos que formam a sociedade, em um sistema democrático  –  passa a ser legítima para a sustentação dos princípios da democracia, dado o fato de que o governante ao se desmoralizar nas mentiras e práticas que desfizeram e desfazem a confiança do povo em suas atitudes deixa de ser legítimo para o cargo de direção deste mesmo povo – já que a mentira é a porta mais ampla e escancarada para a desmoralização de um líder e, por consequência, das instituições sob o seu jugo.        

Nenhum comentário: