terça-feira, 1 de maio de 2018

SANTANA DO SOBRADINHO










Em memória ao autor, meu tio, Dário Dias de Souza. Próspero Major do Exército Brasileiro, tendo servido todo o tempo na cidade do Rio de Janeiro. Texto extraído de sua obra, Parte I, em livro, que retrata épocas por ele vividas: “RIO SÃO FRANCISCO, RIO DE JANEIRO E OUTRAS REMINISCÊNCIAS”.    

Registro, em foto de Dário Dias de Souza e família, na cidade do Rio de Janeiro, no final da década de 60:


Transcrição do texto do livro “RIO SÃO FRANCISCO, RIO DE JANEIRO E OUTRAS REMINISCÊNCIAS”:


Santana do Sobradinho

                                                          Dário Dias de Souza

Foi muito triste a interrupção daquelas sequências tão bem boladas pelo comediógrafo cósmico.

Ao alvorecer no vilarejo era intensa a cantoria dos galos e galinhas-d’angola, no ritmo de dezenas de pilões em sinfonia. Pisavam o milho para o cuscuz da primeira refeição, pilavam também o café em grãos torrados em casa.

Um namorado da tia Tacila chamava-se DOCIN, DOCIN pra cá, DOCIN pra lá; no entanto o DOCIN não emplacou. A tia Tacila casou-se com um primo, o bodeiro Bartolomeu, tio Berto; o cabra mais feio do pedaço. Mas, um bravo, uma de suas atividades era comerciar com criação. Abatia o caprino pendurava-o pela pata no galho mais próximo, carneava e ali mesmo atendia sua freguesia à sombra do tamarineiro.

Um dia tia Inêz (Neném) mandou o sobrinho à Rua de Cima, comprar carne ao tio Berto.
- Vá comprar um quilo de carne ao seu tio, não é possível que ele vá mandar só osso e pelanca. Quando o menino trouxe a carne, disse Neném:
- Aquele infame só mandou pelanca. O desabafo era um reflexo da enorme luta pela sobrevivência.

Concluídas as obras da Represa de Sobradinho, fecharam-se as comportas; com a invasão das águas, nós os habitantes daquele pequeno mundo, fomos expelidos. Alguns para bem longe, muitos para a nova Santana: SANTANA DO SOBRADO. Todos, para onde quer que tenham ido, em tempo algum jamais voltarão à sua terra natal.

O palco submerso cortou a apresentação dos capítulos da nossa comédia humana. Foi muito triste a interrupção daquelas sequências tão bem boladas pelo comediógrafo cósmico. Ao seu jeito, bem ou mal, cada um de nós interpretava o seu papel.


ALGUNS REPRESENTANTES DE SANTANA – NA BELA ÉPOCA

Ana Cândida (Avó do Autor), Angélica, Argentina, Araújos e Granjas, Alflizio e Damião, Andrezão, Anfilófio, Aprígio, Avelino, Benevides, Branquinho,  Bexé, Brazilina, Calú, Chico Dantas, Cipriano, Da Luz, Dejanira, Dioclécio, Etelvina (mãe do autor), Febrônio, Felipe (avô do autor), Idalina, Jesuína, João Batista, João Cabeça, José Honório, Loloura, Maria dos Anjos, Maria do Carmo, Maria das Neves, Mariinha Café, Ostello (Austricliano, depois conhecido como Mestre Osteco, pai do autor), Orácio, Patú, Preta, Pomba Velha, Sofia, Sulalina, Zenin Boió, (...).     

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