Em memória ao autor, meu tio, Dário Dias de Souza. Próspero Major do
Exército Brasileiro, tendo servido todo o tempo na cidade do Rio de Janeiro.
Texto extraído de sua obra, Parte I, em livro, que retrata épocas por ele
vividas: “RIO SÃO FRANCISCO, RIO DE
JANEIRO E OUTRAS REMINISCÊNCIAS”.
Registro, em foto de Dário Dias de Souza e família, na cidade do Rio de Janeiro, no final da década de 60:
Santana do Sobradinho
Dário Dias de Souza
Foi muito triste a interrupção daquelas sequências tão bem
boladas pelo comediógrafo cósmico.
Ao alvorecer no vilarejo
era intensa a cantoria dos galos e galinhas-d’angola, no ritmo de dezenas de
pilões em sinfonia. Pisavam o milho para o cuscuz da primeira refeição, pilavam
também o café em grãos torrados em casa.
Um namorado da tia Tacila
chamava-se DOCIN, DOCIN pra cá, DOCIN pra lá; no entanto o DOCIN não emplacou.
A tia Tacila casou-se com um primo, o bodeiro Bartolomeu, tio Berto; o cabra
mais feio do pedaço. Mas, um bravo, uma de suas atividades era comerciar com
criação. Abatia o caprino pendurava-o pela pata no galho mais próximo, carneava
e ali mesmo atendia sua freguesia à sombra do tamarineiro.
Um dia tia Inêz (Neném)
mandou o sobrinho à Rua de Cima, comprar carne ao tio Berto.
- Vá comprar um quilo de
carne ao seu tio, não é possível que ele vá mandar só osso e pelanca. Quando o
menino trouxe a carne, disse Neném:
- Aquele infame só mandou
pelanca. O desabafo era um reflexo da enorme luta pela sobrevivência.
Concluídas as obras da
Represa de Sobradinho, fecharam-se as comportas; com a invasão das águas, nós
os habitantes daquele pequeno mundo, fomos expelidos. Alguns para bem longe,
muitos para a nova Santana: SANTANA DO SOBRADO. Todos, para onde quer que
tenham ido, em tempo algum jamais voltarão à sua terra natal.
O palco submerso cortou a
apresentação dos capítulos da nossa comédia humana. Foi muito triste a
interrupção daquelas sequências tão bem boladas pelo comediógrafo cósmico. Ao
seu jeito, bem ou mal, cada um de nós interpretava o seu papel.
ALGUNS REPRESENTANTES DE SANTANA – NA BELA ÉPOCA
Ana Cândida (Avó do Autor), Angélica,
Argentina, Araújos e Granjas, Alflizio e Damião, Andrezão, Anfilófio, Aprígio,
Avelino, Benevides, Branquinho, Bexé, Brazilina,
Calú, Chico Dantas, Cipriano, Da Luz, Dejanira, Dioclécio, Etelvina (mãe do
autor), Febrônio, Felipe (avô do autor), Idalina, Jesuína, João Batista, João
Cabeça, José Honório, Loloura, Maria dos Anjos, Maria do Carmo, Maria das
Neves, Mariinha Café, Ostello (Austricliano, depois conhecido como Mestre
Osteco, pai do autor), Orácio, Patú, Preta, Pomba Velha, Sofia, Sulalina, Zenin
Boió, (...).
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