sábado, 19 de maio de 2018

Um templo evangélico. Corrente do Piauí. História envolvendo o vapor Saldanha Marinho








Uma curta história, mas... um importante e raro registro, dentre tantos das obras sociais do meu avô Mestre Osteco (Austricliano Dias de Souza) – com o qual convivi diretamente desde a infância até a adolescência quando o meu bom avô faleceu em 1966, contada por um dos seus filhos mais velhos, meu tio Dário Dias de Souza, e registrado em seu livro com o título: “Rio São Francisco, Rio de Janeiro e Outras Reminiscências” – Juazeiro-BA, 28 de dezembro de 1999, pg. 47.”  





CORRENTE DO PIAUÍ – VIA FORMOSA NO RIO PRETO


  Um relato sucinto vivenciado pelo autor, aos cinco anos de idade, escrito setenta e sete anos depois.


    “Uma arara vermelha libertando-se do cativeiro, alçou vôo e foi pousar no outro lado do rio. De lá sobranceira, mirava os humanos, lastimando suas fraquezas.”

      
         Em 1921 o missionário americano Dr. Terris, chegando à Igreja Batista de Juazeiro, reuniu uma equipe, com mestre de obras e trabalhadores qualificados, para a construção de um templo em Corrente do Piauí. A viagem até Formosa foi feita no Saldanha Marinho (o Vaporzinho). De Juazeiro ao Rio Preto só me lembro da primeira noite. Meus pais com as quatro crianças acomodaram-se no tombadilho, a parte superior onde ficava a casa do leme, e a chaminé que de vez em quando expelia faíscas. Para não nos afastarmos durante a noite, nós crianças dormimos amarradas.




O VAPORZINHO

            Hoje no limiar do mundo moderno, o Saldanha Marinho, pioneiro da navegação fluvial do São Francisco converteu-se em relíquia história. Não mais podendo competir com o automóvel, aliou-se ao adversário para sobreviver. No asfalto, carinhosamente apelidado de Vaporzinho, é atração turística. Estilizou-se; em virtude de suas novas atribuições, o seu centro de gravidade e outros fatores importantíssimos em navegabilidade, comprometeram-se. 

RIO CORRENTE

               Não era estreito o Rio Corrente, pelo menos no ponto em que estávamos; eu e o irmão mais velho, no meio do rio com água abaixo dos joelhos. Falavam em arraia, um peixe de ferroada mortal. Era o fim da viagem, no entanto não me lembro da chegada.

              Na congregação o grupo religioso era bem expressivo mas, o plano do Dr. Terris malogrou. Um representante da oligarquia rural impediu a construção dp templo. Quem foi o vilão nessa questão? Há várias maneiras de interpretar, a mais suave: o dito-cujo considerava todo aquele povo, parte de seu rebanho. Chgando um alienígena para formar também seu rebanho houve o choque de interesses. O líder sertanejo jogou duro, era assim no tempo do coronelismo.

              Com meus pais e irmãos, jamais nos aprofundamos nos percalços desta saga. Tive uma existência para fazer perguntas, só agora decidi escrever, quando já não tenho a quem perguntar.

                Em Corrente, numa tarde muito bonita pintou na área uma raposa. No corre-corre para dar boas vindas à visitante, poucos conseguiram satisfazer a curiosidade. O bicho que não era besta escapuliu.
                    

REGRESSO

                 No regresso a Juazeiro só me lembro de uma cena. Ao sairmos do Rio Preto, o vapor encostou na margem esquerda do Rio Grande. Na carga havia aves apisionadas; num dado momento, com o vapor ainda atracado, uma arara vermelha libertando-se do cativeiro alçou vôo e foi pousar no outro lado do rio. De lá, sobranceira mirava os HUMANOS, lastimando suas fraquezas.   

Um comentário:

Aline Souza disse...

Olá, Nildo! Como vai? Meu nome é Aline e vim parar no seu blog por acaso. Eu sou neta de Dario Dias de Souza, filha do primogênito dele, Dario Dias de Souza Filho! Estava pesquisando sobre a história dos meus avós e bisavós! Será que poderia me falar mais sobre eles?! Estou muito curiosa!