Informações
de interesse público reproduzidas do site do GEIPOT (Grupo Executivo de Integração
da Política de Transporte, criado em 1965 e que, a partir de 1973, passou ser
reconhecido como Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes. Informações, especialmente, necessárias ao transporte rural escolar efetivado pelos entes públicos municipais. Nildo Lima Santos - Consultor em Administração Pública.
www.geipot.gov.br/estudos.../transporte_rural/aspectos_relevantes.doc
Discussão
dos 10 Aspectos mais Relevantes do Transporte Rural Escolar
Conforme
indicado nas páginas anteriores, o GEIPOT teve nos últimos oito anos a
oportunidade de estudar inúmeros aspectos do Transporte Rural, um problema
pouco conhecido, mas de fundamental importância para 32 milhões de
brasileiros. Nesta oportunidade em que
novas administrações municipais estão sendo iniciadas, o GEIPOT sente-se na
obrigação de compartilhar com os responsáveis pelos sistemas municipais de
Transporte Rural Escolar e também com todos que se interessam pelo assunto, o
conhecimento que adquiriu em seus estudos e pesquisas. Para isto apresenta a
seguir uma breve discussão dos 10 aspectos julgados mais relevantes do
problema.
1. A
Inevitabilidade da Oferta do Transporte Rural Escolar
As crianças e adolescentes da
área rural não podem ficar à margem dos esforços que os três níveis do governo
vêm fazendo para que todas crianças do país alcancem a educação do ensino
fundamental. O transporte é o único meio
de dar a população rural em idade escolar oportunidades de educação
equivalentes as que são oferecidas à população urbana. Pode-se então dizer que a falta de transporte
corresponde a uma discriminação de uma população em relação à outra.
A construção de escolas seriadas
e colégios em locais adequados da área rural seria sem dúvida a solução ideal,
mas ela só é viável do ponto de vista pedagógico, administrativo e financeiro
se complementada por um sistema de transporte que busque os alunos que não
possam alcançar estes centros de ensino a pé.
Ocorre que, independentemente dos locais da área rural escolhidos para
instalação destes centros, os alunos dependentes de transporte serão sempre a
grande maioria. É assim porque o êxodo
rural das quatro últimas décadas deixou a população rural extremamente
rarefeita e escolas seriadas e colégios na área rural só serão viáveis se
atraírem alunos residentes tanto em locais próximos quanto em locais distantes.
A alternativa de retorno ou
manutenção das escolinhas de ensino unidocente e classe multisseriada, embora
carregada de louvável empatia, sentimentalismo e boas intenções, não é mais
viável, nem socialmente justa no mundo da informática, da internet e das tele-comunicações. Crianças e adolescentes educados à distância
desses recursos serão os cidadãos verdadeiramente excluídos do 3º milênio,
mesmo que sigam a orientação que lhes tenha sido ensinada para que nunca saiam
da área rural.
2. O
Transporte Rural Escolar no Orçamento Municipal
Somente no final da década
passada, municípios de recursos orçamentários bastante limitados, que quiseram
acompanhar municípios ricos que ofereciam o transporte desde a década de
oitenta, constataram que suas receitas eram insuficientes para garantir o
acesso das crianças da área rural a uma educação atualizada. Trata-se de um problema Nacional, pois afeta
quase todos os municípios de todos os estados do país mas, não houve tempo para
que os governos federal e estaduais, ao tomarem conhecimento do novo problema,
pudessem ajudar os municípios de forma institucionalizada e amparada por
legislação adequada.
Esta situação pode significar que
enquanto esta legislação não existir municípios pobres se vejam na obrigação de
alocar recursos da ordem de 8%, 10% ou mais de suas receitas para garantir o
acesso das crianças da área rural a uma educação de nível equivalente à
educação oferecida às crianças da área urbana.
Apesar dessa quase insuperável dificuldade, resta para os administradores
municipais a gratificante certeza que dificilmente identificariam um
investimento de maior e mais rápido retorno.
Na realidade, nos projetos de Transporte Rural Escolar, os benefícios
superam os custos desde o primeiro dia de execução do projeto.
3. Gratuidade
do Transporte Rural Escolar
Apesar de
todas as dificuldades financeiras, a alternativa de exigir a participação dos
pais dos alunos no custeio do Transporte Rural Escolar deve ser sumariamente
descartada. O artigo 208 da Constituição
Federal define como “dever do Estado com a educação” a garantia de atendimento
ao educando do ensino fundamental através de programas de transporte,
alimentação e outros. Além da provável
inconstitucionalidade da cobrança, que inclusive está sendo judicialmente contestada
em vários municípios que a praticam, os resultados financeiros obtidos pela
cobrança de passagens ou taxas para custeio do transporte, são mínimos.
4. Terceirização
do Transporte Rural Escolar
Em quase todos municípios
visitados ou analisados pelo GEIPOT, pelo menos uma parte do Transporte Rural
Escolar é contratada com transportadores autônomos ou com pequenas empresas de
transporte. A tendência é que no futuro
não haja mais motoristas e veículos da prefeitura operando nos sistemas de
Transporte Rural Escolar. Entre as
vantagens da terceirização consideram-se as seguintes: a) evita a imobilização
de capital em veículos, garagens, oficinas e almoxarifados de peças
sobressalentes; b) evita os problemas do
controle e coordenação do trabalho de uma numerosa equipe de motoristas,
mecânicos e pessoal auxiliar; c) evita
as demoras e dificuldades burocráticas normais de órgãos públicos na aquisição
de peças e serviços de oficina (que geralmente precisam ser realizadas em menos
de 24 horas); d) evitam as dificuldades
burocráticas e comerciais de aquisição de veículos no mercado de veículos
usados, quando há necessidade de substituir veículos da prefeitura em final de
vida útil (a aquisição de ônibus ou micro-ônibus novos tornou-se totalmente
inviável e não era praticada em nenhum dos municípios visitados).
Há outra grande vantagem da
terceirização ainda pouco explorada, é que ela permite que o município
incentive e regule o transporte remunerado de passageiros comuns, em horários
ou dias fora do expediente escolar.
Isto, além de beneficiar toda a população rural, proporciona uma renda
extra aos transportadores autônomos, tornando viável a aquisição de veículos
novos ou em melhor estado que os atuais.
Entre as desvantagens da
terceirização são citadas a pouca experiência no transporte de crianças por
parte de motoristas de empresas, em contraposição com a confiança que
motoristas da prefeitura inspiram nos pais das crianças e da disciplina que
conseguem impor dentro do veículo escolar, em razão do seu permanente contato
com diretoras e professoras das escolas do município. Outra desvantagem da terceirização citada
pelos executivos municipais é a pequena quantidade ou total inexistência de
ônibus e microônibus nos municípios mais pobres, que possam ser mobilizados
para o transporte escolar, ficando a terceirização na dependência de
interessados residentes em outros municípios.
5. A
Opção entre Empresas ou Profissionais Autônomos na Terceirização
A
contratação de profissionais autônomos que conduzam os veículos próprios ou da
família é quase sempre mais vantajosa que a contratação de empresas. Por serem em geral produtores rurais ou
filhos de produtores rurais e nativos ou antigos residentes do município, os transportadores
autônomos inspiram confiança nos pais das crianças, o que em geral não ocorre
com os motoristas de empresas que não permanecem muito tempo na linha, no
emprego ou no município. Outra grande
vantagem dos profissionais autônomos é que por constituírem em geral um
empreendimento familiar, são auto-suficientes na manutenção do veículo,
precisando gastar apenas com combustível, pneus e peças sobressalentes. Por esta razão conseguem cotar preços
baixíssimos nas licitações da prefeitura e ainda ganhar dinheiro suficiente
para permanecerem no negócio ano após ano.
Grandes e
médias empresas de ônibus não participam das licitações de linhas do Transporte
Rural Escolar por estarem habituadas a operar no Transporte Urbano ou no
Transporte Intermunicipal de passageiros, onde os preços praticados
correspondem ao dobro ou triplo dos preços praticados no Transporte Rural
Escolar. As micro-empresas de ônibus
quando sediadas no município e de caráter familiar podem oferecer as mesmas
vantagens dos transportadores autônomos mais também não têm condições de
adquirir ônibus ou microônibus novos ou em muito bom estado.
A consideração de todos os
aspectos analisados neste item e no anterior leva a conclusão que os municípios
que já conseguiram formar uma equipe de transportadores autônomos com experiência
no Transporte Rural Escolar, devem fazer tudo que for legalmente viável para
preservá-la em atividade.
6. Veículos para o Transporte Rural
Escolar
Embora todos os tipos de veículos
possam ser encontrados operando nos sistemas municipais de Transporte Rural
Escolar, é provável que as kombis e os ônibus constituam mais de 80% da frota
de veículos escolares em utilização no país.
Os ônibus são empregados nas linhas de grande afluência (mais de 30
alunos) e as kombis nas linhas de pequena afluência (até 15 alunos) e, também
nas de média afluência (15 a 30 alunos).
Desnecessário elaborar sobre a
absoluta inadequação e ilegalidade do emprego de kombis para linhas de média
afluência que, para agravar a situação, são as mais comuns na maioria dos
municípios brasileiros. A razão dessa
inadequação é que praticamente não há como adquirir microônibus (25 a 30
assentos) no mercado de veículos usados e também por que nem as prefeituras nem
os transportadores têm condições de adquiri-los novos. Os raros microônibus usados à venda podem
custar mais de 50.000 reais enquanto que um ônibus usado em estado de
conservação razoável pode custar menos de 25.000 reais. Não existindo microônibus em quantidade
suficiente, caracteriza-se uma situação de fato, que, à revelia da lei, explica
e conduz à situação de tolerância generalizada, em todas as regiões do país,
para com as lotações de 15, 20 ou 25 alunos nas kombis escolares. Essa tolerância é explicada pelo angustiante
dilema que é levado às autoridades de trânsito e polícias rodoviárias: ou
aceitam as superlotações das kombis ou as crianças ficam sem escola.
Questionável é também recomendar
a conveniência do emprego de ônibus nessas linhas, porque em geral elas
correspondem à estradas vicinais em que a precariedade de pontes, mata-burros,
bueiros e porteiras tornam difícil, perigoso ou impossível o tráfego de
ônibus. Por outro lado é bastante
antieconômico transportar menos de 30 alunos em ônibus que em geral têm 40 ou
mais assentos.
“Vans” de 12 e 15 assentos ou
“pseudomicroônibus” importados, de 18 e até 24 lugares, também não resolvem a
situação, pois continuam não tendo a lotação necessária, não resistem às
irregularidades de nossas estradas vicinais e não tem no país um suporte
adequado de peças sobressalentes. As
“vans” importadas de maior robustez e eventualmente capazes de resistir ao
tráfego em estradas de terra e que podem oferecer alguma garantia de
assistência técnica, são também muito caras além de oferecidas em quantidade
limitada. A conclusão é que veículos importados não devem ser utilizados no
Transporte Rural Escolar.
A solução para um Transporte
Rural Escolar legal e seguro e que ofereça um mínimo de conforto e higiene às
crianças e adolescentes, é tornar aquisição dos microônibus nacionais novos (25
a 30 lugares, de motor diesel e montado em chassis) acessível aos
transportadores autônomos, isto é, com preço e condições de pagamento
compatíveis com os rendimentos que eles podem auferir no Transporte Rural
Escolar. A redução dos preços poderia
ser alcançada mediante a participação dos fabricantes nacionais em projeto de
grande escala, visando a simplificação de especificações e as economias de
escala, acompanhada da isenção ou redução dos impostos incidentes na venda.
Isto seria possível se os transportadores autônomos fossem equiparados a
taxistas urbanos — uma reivindicação que não poderia ser mais justa e benéfica
ao país. Os juros e prazos adequados
poderiam ser alcançados, por exemplo, mediante pequenas modificações nas regras
do FINAME — um financiamento do BNDES para veículos pesados que abrange
microônibus montados em chassis. Um
projeto neste sentido está sendo estudado na ABM – Associação Brasileira de
Municípios.
Enquanto essa solução ou outra de
igual resultado não for alcançada, as alternativas à aceitação das
superlotações são apenas duas. A
primeira seria redistribuir os alunos de linhas de afluência média em dois ou
três veículos, o que duplicaria ou triplicaria os custos. A outra alternativa seria aceitar a
subutilização de ônibus com apenas 15,20 ou 30 alunos o que também elevaria os
custos. Esta solução ainda exigiria, em
muitos casos, o alargamento ou reforço de pontes, bueiros, mata-burros e
porteiras, bem como a melhoria de alguns trechos das estradas vicinais.
7. Licitações
para o Transporte Rural Escolar
Funcionários
de algumas prefeituras têm procurado o GEIPOT para saber como cumprir a
legislação de licitações, no que se refere à previsão da faixa de preços a
serem cotados pelos licitantes, anteriormente à publicação do edital da
concorrência. As empresas que assessoram
as prefeituras nas questões fiscais e contábeis têm insistido sobre a
necessidade de os funcionários elaborarem, para anexação ao processo da
licitação, tabelas de custos operacionais para todos os tipos de veículos que
serão objeto da licitação. Segundo os funcionários não há nas prefeituras
pessoas que possam fazer este trabalho.
A orientação do GEIPOT é que a
metodologia tradicional usada no país para o cálculo de custos operacionais de
veículos, não pode ser aplicada para a locação de veículos escolares,
pois conduz a estimativas de custos muito acima dos preços praticados pelos
transportadores do Transporte Rural Escolar.
Nestas condições a anexação de tabelas de custos operacionais não só
subverteria o espírito da lei como, chegando ao conhecimento dos futuros
participantes, provocaria um aumento generalizado dos preços cotados.
Se for necessária a anexação de
algum documento que reflita os preços vigentes no mercado, a melhor solução
seria fazer referências aos preços que tiverem sido cotados recentemente nos
municípios vizinhos, ou os preços de licitações passadas, do próprio
município. Caso essas soluções sejam
inviáveis a orientação é que sejam feitas referências aos preços médios
constatados pelo GEIPOT em novembro de 1998, durante a pesquisa no Rio Grande
do Sul, acrescidos de uma correção de 10% a 15%, para acomodar os aumentos nos
preços de combustíveis daquela data até o presente. Os preços médios observados em novembro de
1998 foram os seguintes:
Ônibus
|
R$
|
0,99/km
|
Kombi
|
R$
|
0,65/km
|
Microônibus
|
R$
|
0,84/km
|
Automóvel/perua
|
R$
|
0,68/km
|
“Van”
|
R$
|
0,78/km
|
|
|
|
8. Custo
médio por aluno transportado por dia
Esta é outra
questão freqüentemente levantada, principalmente por Associações de Municípios
e Secretarias de Educação Estaduais. Na
realidade o que é perguntado é o custo mensal ou o custo anual e o GEIPOT tem
sugerido que a questão seja sempre colocada em termos de custo diário, para
diminuir as indefinições no processo de cálculo.
O cálculo do custo médio por
aluno transportado por dia é bastante simples e para a maioria dos sistemas de
Transporte Rural Escolar pode ser feito por qualquer pessoa que, conhecendo as
particularidades do sistema, possa evitar as duplas contagens de alunos ou de
custos ou os erros de interpretação dos dados disponíveis. O procedimento sugerido nos itens “A” a “F” a
seguir, evita os erros mais comuns.
Observação
Preliminar:
O cálculo com base em registros
contábeis deve ser descartado porque não pode ser aplicado nos veículos
escolares de propriedade da prefeitura que façam parte do sistema (ver as
razões no item D adiante) e também porque não revela o custo na data do
levantamento — um aspecto muito importante considerando as mudanças
operacionais quase que diárias do sistema.
Apenas o cálculo dos custos havidos na concessão de passes (cartelas)
poderia ser feito por meio dos registros contábeis, se não houver outros
controles na Secretaria de Educação.
A — O
custo diário total (CDT) do sistema de Transporte Rural Escolar para
a prefeitura é a soma de 3 parcelas:
CDT = CVC
+ CVP + CPA
|
Onde:
CDT = Custo diário
total do sistema
CVC
|
=
|
Custo diário total dos veículos contratados
com particulares
|
CVP
|
=
|
Custo diário total da operação dos veículos
de propriedade da prefeitura
|
CPA
|
=
|
Custo diário dos passes (cartelas)
adquiridos pela prefeitura para alunos transportados por empresas de ônibus
comerciais; ou custo diário do reembolso dos passes, quando for o caso.
|
B — CVC,
o custo diário total dos veículos contratados é igual a soma dos
produtos dos preços unitários pelas quantidades diárias indicadas em cada um
dos contratos.
·
Na maioria
dos contratos o preço unitário é o preço por quilômetro percorrido pelo
veículo, proposto pelo transportador vencedor de licitação e constante do
contrato. A quantidade é a quilometragem
que o veículo deve percorrer diariamente para operar a linha nos turnos
especificados e é para todos os efeitos, a que consta do contrato e seus
aditamentos, não importando para este cálculo específico, o critério segundo o
qual foi medida a quilometragem.
·
Em alguns
contratos o preço unitário é o custo da passagem de 1 (um) aluno estipulado no
contrato e a quantidade é o número de alunos autorizados a serem transportados
pelo veículo na data do levantamento
CVC (1 veículo) =
preço do quilômetro rodado x quilometragem diária
|
ou
CVC (1 veículo) =
preço da passagem x número de alunos
|
CVC = Soma do custo de todos os
veículos contratados
|
Nota: Em
alguns contratos o custo diário, denominado “diária” ou “jornada”,já vem
explicitado diretamente no contrato, tornando desnecessário qualquer cálculo
com preços unitários e quantidades.
C — CVP, o custo diário total dos
veículos da prefeitura poderia, teoricamente, ser calculado pelos dois métodos
descritos a seguir.
O primeiro seria calcular pura e simplesmente o custo operacional
de cada um deles pelo processo tradicional e depois multiplicá-los pela
quilometragem que percorrem entre a saída e o retorno à garage, após cumprir
todos os turnos em que a linha deve ser operada (1,2 ou 3). Antecipadamente pode-se prever que este
método produziria resultados de validade duvidosa, excessivamente elevados para
os objetivos do cálculo (negociações com Secretarias Estaduais) e que seriam
incompatíveis com os resultados dos custos dos veículos contratados, calculados
no modo proposto no item anterior. O
método deve ser descartado.
O outro método, proposto por
alguns municípios, seria somar as despesas havidas durante um “certo” período
de tempo com combustível, peças, pneus, mão-de-obra de oficina etc. Por melhor
que seja o controle e a apropriação de custos praticados pela prefeitura no seu
almoxarifado, oficina e departamento de pessoal, o método produziria resultados
aleatórios, inconsistentes e irreais, pois o período de tempo adotado
corresponderia apenas a um determinado segmento da vida útil de cada veículo
(novo, antes, durante e depois da 1ª reforma etc.). O método também deve ser
descartado.
O método que se sugere é adotar
como custo operacional dos veículos da prefeitura a média dos preços unitários
de veículos contratados de mesmo tipo.
Caso não haja veículo contratado do mesmo tipo que os veículos da
prefeitura, adotar a média dos preços de veículos de mesmo tipo contratados em
municípios vizinhos. Caso ainda esta
informação não seja disponível, adotar os preços indicados no item nove
anterior acrescidos de 10% a 15% por conta dos últimos aumentos de custos dos
combustíveis. Embora a imprecisão do
método possa ser facilmente apontada, ele é na prática o único realmente
disponível e provavelmente o único que produz resultados que possam ser aceitos
pelas Secretarias Estaduais de Educação.
D — CPA, O custo diário com a
distribuição de passes (cartelas) pode ser facilmente calculado bastando obter
o total mensal das listas dos alunos beneficiados e o valor dos passes
correspondentes e dividir esse total pelo número de dias letivos considerados
no mês.
E — Para obter o custo médio por aluno
transportado por dia, basta dividir o CDT obtido pela soma das
parcelas correspondentes aos itens B, C e D acima, pelo número de alunos
transportados na data do levantamento.
Notas:
I. O custo médio por aluno transportado por
dia é quase que obrigatoriamente diferente de um município para outro. É assim porque as variáveis
geo-sócio-econômicas que influem neste custo podem assumir valores bastante
diferentes de um município para outro, mesmo quando vizinhos e pertencentes a
uma mesma microrregião do Estado.
II. No caso de negociações entre Associações
de Municípios e Secretarias Estaduais de Educação, observa-se freqüentemente o
interesse em fixar um valor padrão único para definir o reembolso que as
Secretarias pretendem fazer aos municípios pelo transporte de alunos de escolas
e colégios estaduais. É preciso notar
que se este padrão for igual a média dos custos médios por aluno transportado,
verificada em todos os municípios da Associação, os municípios pobres serão,
em geral, os que sofrerão maiores prejuízos.
Por exemplo, admita-se que numa
determinada Associação de Municípios o custo médio do aluno transportado por
ano varie de R$ 300,00 a R$ 600,00 e a media dos custos médios seja R$ 450,00
por ano. Se nas negociações com a
Secretaria Estadual de Educação for adotado o valor único padrão de R$ 450,00
para efeito de reembolso, pode-se prever que em geral os municípios pobres (de
menor receita) é que serão os prejudicados, pois provavelmente a maioria deles
terá seus custos situados na faixa de R$ 450,00 a R$ 600,00. Inversamente, os municípios ricos é que serão
os beneficiados, pois é provável que a maioria deles tenha custos por aluno por
ano inferior a R$ 450,00.
É assim porque os municípios
pobres:
[ Em geral têm maior extensão
territorial e, portanto, tendem a ter maior quilometragem por aluno por dia.
[ Em geral têm menor densidade
populacional na área rural o que também tende a aumentar a quilometragem por
aluno por dia.
[ Em geral estão mais distantes das
capitais e pólos econômicos regionais o que tende a aumentar o custo dos
insumos do transporte (combustível, peças, pneus etc.) e a diminuir a
competitividade entre transportadores.
[ Em geral têm rede rodoviária de
características precárias e em piores condições de conservação, o que resulta
em custos operacionais mais altos.
[ Em geral utilizam veículos
escolares de menor tamanho (lotação) e menos eficientes.
[ Em geral não têm vilas e povoados
dotados de escolas seriadas onde possam ser estabelecidos pólos de convergência
de linhas do Transporte Rural Escolar para efeito de reduzir a quilometragem
por aluno por dia do sistema.
[ Em geral têm ruralidade (relação
entre a população rural e a população total) elevada o que significa maior
incidência do Transporte Rural Escolar no orçamento municipal.
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