sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Toda riqueza é socializada. Mas, em menor escala, a que é originada da corrupção.

*Nildo Lima Santos. Bel. em Ciências da Administração.



Fazendo um breve exercício de raciocínio sobre a riqueza material, ou simplesmente, a riqueza econômica, mesmo abstraindo-nos das básicas e complexas teorias econômicas e sociais; teremos como verdades simples e puras: “de que a acumulação de capital monetário e em ativos fixos utilizados para os meios de produção e, até mesmo o capital fixo utilizado para especulação até médio prazo, são fatores de extrema importância para o desenvolvimento social”. E, menos importantes aqueles que são originados, isto é, acumulados, pelos métodos da corrupção e que sejam destinados aos desperdícios e, sejam remetidos para contas de bancos fora do país. A primeira situação é explicada pela falta de compromisso dos governantes e dos demais agentes públicos que constroem sem a justa necessidade, isto é, sem a necessária utilidade da obra: hospitais que não funcionam, estradas pouco utilizadas, postos de fiscalização que não funcionam e jamais funcionarão, escolas em lugares desertos e sem alunos, pontes inacabadas e que se deterioram com o tempo. Já a segunda situação, a riqueza que sai do país para o exterior irá contribuir tão somente com a população do país onde os recursos forem depositados. Portanto, a corrupção é o maior mal que se causa à sociedade. Tomando apenas como exemplo: “O desperdício dos recursos públicos, pela corrupção, que a este fator, somam-se outros fatores – os quais, da mesma forma, muito graves – é o tipo de riqueza de indivíduos que empobrece as cidades e a sociedade na capacidade das providências para a assunção de suas obrigações na prestação dos serviços públicos (educação, saúde, urbanização, meio ambiente, segurança pública, habitação, transporte, etc.) e, no respeito mútuo dos indivíduos, tão necessários à solidariedade humana e, portanto, como conseqüência, gera e alimenta a absurda violência que vilipendia a sociedade.

Abstraindo-nos da riqueza adquirida pela corrupção, vamos então, ao ensaio sobre a riqueza em si.

 
A sociedade humana tem em sua formação múltiplas características que, perfeitamente, forçam o ser humano a se organizarem em sociedade, cada um com a sua vocação e seus desejos. Desta forma, à semelhança de um gigantesco quebra-cabeças, complementam-se uns aos outros, formando um imenso mosaico social. Portanto, divagações utópicas sobre a possibilidade de “sociedade igualitária”, não cabe mais em uma sociedade humana com razoável padrão de desenvolvimento. As sociedades humanas, pela própria natureza humana – carregada de desejos e sonhos dos imagináveis possíveis e, dos inimagináveis outrora – moldam este gigantesco mosaico com possibilidades complexas e práticas que nos fazem reconhecer que a vida é de fato curta e, que, a riqueza produzida e acumulada por quem quer que seja, sendo ela colocada em benefício da sociedade em favor da produção de bens e serviços – ressalvadas algumas origens que degradam e deterioram este mosaico social, consensual – sempre foi e será positiva e benéfica ao desenvolvimento da sociedade humana sob todos e seus múltiplos aspectos e formas.

 
O homem que acumula riquezas e vive para empreender, não está acumulando riquezas nem empreendendo para si mesmo, mas, para a sociedade humana, mesmo que não tenha percepção disto. Portanto, a riqueza material é de suma importância para a riqueza humana, mas, na medida justa onde não degrade o próprio ser humano com relação ao bem estar geral. Destarte, hão de ser levadas em consideração, sempre, as questões ambientais. Entretanto, as questões ambientais jamais serão impeditivas para a eliminação das riquezas humanas; vez que, os indivíduos do gigantesco mosaico social, por consenso, encontrarão as soluções e a ideal regulamentação para a definição de parâmetros de comportamentos e procedimentos que funcionem em função do todo, sempre em benefício do desenvolvimento social.

 
As riquezas produzidas pelo homem vão se acumulando a cada dia, de forma que, àquele que a produziu, já não mais tem a importância no momento. Já não existe mais, sequer, nas lembranças – raríssimas exceções são feitas aos cientistas que tiveram seus nomes registrados na história e que nos deixaram imensos e riquíssimos legados. Destarte, há de ser considerado e reconhecido que, a riqueza produzida outrem sempre terá como beneficiário alguém que não a produziu. Daí, a uma melhor conceituação do conceito de “TER”. Se eu resido na cidade e adquiro um sítio para os fins de semana, somente o terei – e em parte – nos fins de semana, já que, durante a semana o terá o caseiro e sua família que dele estão sobrevivendo. Isto é, estão se mantendo de uma riqueza por mim acumulada, como estarão, também se mantendo, as companhias de eletricidade, de água, o fisco, etc. Desta forma é imprudente e irracional qualquer tipo de radicalismo que se opõe à acumulação de riquezas por quem quer que seja; à exceção àquelas que danifiquem as teias do grande mosaico social. Portanto, quem bate cartão, em tese, deveria votar no patrão. Pois, no mosaico social, o patrão é o individuo naturalmente imbuído da capacidade para a promoção da multiplicação das riquezas em prol da sociedade humana, inclusive, a troco de imensos sacrifícios com renúncias à grande parte dos seus dias de vida, em favor do desejo da acumulação, ou seja, da poupança e, até mesmo da satisfação do reconhecimento e, não está descartado, também, a satisfação do servir.

 
Quem não serve a outrem, mesmo, inconscientemente, não serve a si mesmo!

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