Nildo Lima Santos. Consultor em administração
pública. Especializado em políticas públicas
O capital é a
forma mais original do reconhecimento da democracia. Raciocinemos retornando
aos primórdios da humanidade, ainda, na época das cavernas. O homem para
sobreviver tinha que adentrar na selva em busca de alimentos, frutos, raízes e
caças. Então, requeria do indivíduo com essa função a coragem para enfrentar as
diversidades e perigos em campo aberto e exposto às feras vorazes e carnívoras.
A coragem, com certeza, não era para todos os indivíduos e, portanto, era o
capital para quem tinha este atributo e, que, ao agrupamento de indivíduos em
estágio pré-tribal e para si, propiciava a si, nas sobras, saciar a necessidade
básica que é de alimentação. Outros indivíduos menos corajosos ou sem coragem
nenhuma para encarar as feras, mas, com os atributos da observação e da Inteligência
criativa, em segurança, desenvolveram, com certeza, outras habilidades, dentre
as quais: às de confeccionar armas de caça (arpões, arcos, flechas e, lanças).
Era, portanto, a indústria artesanal nos primórdios da humanidade e, era o
capital que detinham para a satisfação das suas necessidades básicas na troca
de tais instrumentos pelo excedente da caça do homem caçador. Daí, a conclusão
que o produto artesanal, pela força do trabalho do artesão, considerada
capital, transformava-se em outro capital mais duradouro e produtivo, que
chamamos modernamente de bem de capital; vez que propiciava a geração de mais capital,
tantas vezes fosse repetida em um processo de caça. Daí, naturalmente, a
possibilitar a agregação de maior valor do que o valor de uma simples caça
abundante e, presa mais fácil com o uso da arma que, inclusive proporcionava
maior segurança. Daí reconhecermos as especializações: uns em caçar e outros em
produzir instrumentos de caça. Na ocorrência repetitiva deste processo nas
funções relacionadas: à organização rudimentar para a caça; à organização do
trabalho de produção de instrumentos de caça; à segurança dos que ficavam nas
cavernas e, à segurança dos caçadores; ao preparo dos alimentos; surgiram
naturalmente, as relações econômicas e sociais e, portanto, a evolução destas
relações que ainda ocorrem até os dias de hoje, inclusive, as que dão sentido
ao conceito de democracia. Destarte, desde os primórdios é, verdadeiro se
afirmar que o capital propiciou e sempre propiciará o desenvolvimento da
humanidade e, com isto, também, em grande escala o da democracia.
Ainda, nos
primórdios das cavernas, com o surgimento das funções básicas e determinantes
da sociedade humana, devemos raciocinar que na história deve ter ocorrido o
seguinte processo, simultaneamente com a fase mais primária das funções
relacionadas à alimentação: na relação de troca do capital e da necessidade de
segurança das famílias e dos indivíduos do grupo familiar, naturalmente, tenha
se destacado como mais arguto mediador dos conflitos entre a troca de
mercadorias – portanto relação capitalista – e, a orientação na organização do
sistema de segurança do grupo, naturalmente, mais bem preparado, na arte de
pensar e criar, passando então a ser o principal conselheiro do grupamento humano
já visto a partir de então, em sociedade. Esta liderança, surgida do
capitalismo, de forma natural, com a aquiescência da maioria dos indivíduos da sociedade
pré-tribal – portanto, sem imposição – poderemos reconhecer que ali já surgia o
nascimento da democracia, vez que, se dava através da escolha, pelo
reconhecimento, “do povo para o povo”. Portanto, é verdadeiro se afirmar que: “a
democracia surgiu com o capital e, sempre andaram lado a lado”. Portanto, não é
correto se afirmar que: “o capitalismo nega a democracia”. – Mas, muito pelo
contrário: “o capitalismo propicia a manutenção da democracia”.
Ao negar a
relação do capital com a democracia, estar-se-á, portanto, cometendo crime
contra o desenvolvimento da sociedade humana. Faz-se ressalva tão somente ao
capital ilícito e, em menor proporção àquele onde uma nação se sobrepõe à outra
através da exploração fácil, sujeitando-a à insuportáveis perdas de divisas. As
conhecidas perdas internacionais. Mas, mesmo assim, ainda, são capazes de
buscar através do sistema democrático a possibilidade da correção dos rumos
por soluções negociais nos fóruns de União de Estados que, são os estágios mais
altos das relações da sociedade humana para o atendimento de suas demandas de
bens e serviços, portanto, de capitais.
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