*Nildo Lima Santos
No estudo biológico de como se
comportam os animais, principalmente, em se tratando da própria sobrevivência,
nos são apresentados pela mãe natureza vários tipos de situações. As que nos
chamam mais a atenção pelo elevado grau de primor no capricho da natureza são as
que dotaram alguns animais da qualidade de se camuflarem para se livrarem dos
seus predadores e, até mesmo para atacar as suas presas. E, uma das capacidades
semelhantes à camuflagem é o mimetismo, isto é, a capacidade que tem certos
animais de tentarem parecer com outros animais, com o intuito de parecerem quem
não os são. E, este tipo de camuflagem é a que mais é utilizada pelos homens
para se livrarem ou atrair outros que os ameaçam em suas sobrevivências e
objetivos. Principalmente quando se trata do domínio de uns sobre os outros, em
todos os sentidos e, que se amplia com maior segurança e rapidez através da
política que é capaz de satisfazer às mais diversas ambições do ser humano para
todos e quaisquer objetivos. E, em se tratando de política e políticos,
comparações com o Estado Brasileiro atual não são meras coincidências!!! É
realmente a estratégia de domínio de classes de humanos que se juntam e se
misturam em suas diferenças, mas, com coincidências apenas nos seus objetivos:
“o de usurpar o Estado em seu próprio benefício”. Daí, o predomínio do
patrimonialismo, do clientelismo, do nepotismo e da corrupção que envergonham
aos homens de bem e a pátria, estes, infelizmente, muito raro encontrarmos na
sociedade brasileira, principalmente, naqueles ditos excluídos que vivem na
barbaridade quase pré-histórica, mas, que descobriram a força do voto para o
alcance dos seus objetivos que se misturam e se confundem, em espécie, com os
que têm melhor nível cultural e de conhecimento e, portanto, a estes se prestam
e emprestam como massa de manobra. São os dirigentes dos sindicatos e,
sindicalistas; são os dirigentes dos movimentos sociais, oficiais ou não; são
os dirigentes dos conselhos de profissões regulamentadas; são as categorias de
trabalhadores e servidores da área pública que defendem o Estado somente
naquilo que mais lhes interessam e, que enganam a sociedade fragilizada em sua
concepção e, na concepção do Estado.
Prova
inconteste é a promiscuidade no loteamento das funções públicas do Estado para
parentes, apadrinhados e companheiros de partido sem que sequer o indicado e
nomeado atenda às mínimas exigências necessárias, tanto com relação ao
conhecimento e experiências, quanto à idoneidade. Enfim, não interessa o Estado
e suas necessidades reconhecidas pelas necessidades da população em geral, o
que interessa é que o grupo de companheiros continue coeso e camuflado para o
bem próprio e sua sobrevivência como grupo, mesmo que seja o maior predador da
espécie humana.
Uma outra
prova é a cooptação de apoio de membros de outros partidos para que se alcance
a maioria no congresso, com a argumentação que se está buscando a
governabilidade – Diga-se: “a condição ideal de fazer o que bem entende,
inclusive, de praticar atos ilícitos que incluem a corrupção, sem o mínimo de
resistência, pois o Poder Fiscalizador se mistura com o Poder Corruptor.” –;
então é o Estado merecido pela sociedade que é podre em suas raízes e que segue
contaminada em suas ramificações reconhecidas nas representações maiores da
referida sociedade.
Destarte, o governo se torna
anárquico onde o Poder do Estado se confunde com o poder dos corruptos e
corruptores; dos padrinhos e apadrinhados; dos eleitos e eleitores. É
anárquico, apenas na concepção vulgar e, filosoficamente visto como política, onde
apenas se assemelha no instante em que se compara com o movimento político,
denominado de Anarquismo, surgido na Europa em meados do século XVIII e, no Brasil,
por volta de 1890, cujo ideário é a luta por uma sociedade em que ninguém tenha
poder sobre ninguém e, pela ênfase que se dá à liberdade e à negação de
qualquer autoridade. É o movimento que tem sua base de sustentação na baixa
instrução das massas populares, onde quem sabe ler é a minoria e, os que sabem
escrever são mais raros ainda. É, portanto, o Estado dos movimentos sem
controle. Como exemplo: o MST – Movimento dos Sem-Terra.
O ponto crucial que me aterroriza e,
causa-me desconforto, é o fato de que enxergo claramente, que o mimetismo, na
forma pensada por Platão: “a imitação como elemento central da filosofia”; e,
que hoje está a impregnar a política e definir as diretrizes e ações políticas que
permeiam a sociedade brasileira, tende a ser duradoura por ter encontrado um
fértil terreno na sociedade brasileira apodrecida desde a sua formação.
*Nildo Lima
Santos. Consultor em Administração Pública.
Pós-Graduado em Políticas Públicas e Gestão de Serviços Sociais.
Um artigo publicado no ano de 2009, em outubro, por Nildo Lima Santos, titular deste blog, que já denunciava o estado em que tinha se transformado o Estado Brasileiro. O que se confirma nestes fatídicos e desesperançados dias de 2018.
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