sexta-feira, 10 de agosto de 2012

EMPREGABILIDADE. Palestra.



Palestrante: Nildo Lima Santos. Consultor em Administração Pública.

I – CONCEITO:

    Empregabilidade no conceito geral está relacionada à capacidade que tem o mercado de absorver potencialidades humanas para produção de bens e serviços ou, simplesmente, da capacidade do indivíduo colocar bem suas potencialidades para disputa por este mercado.

II – A VELOCIDADE DAS MUDANÇAS E SEU CONTRASTE COM OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

Enquanto nos países ricos, os verdadeiramente desenvolvidos (EUA, Inglaterra, Japão, países da União Européia) que lideram a economia e os avanços tecnológicos no mundo; responsáveis pelas mudanças radicais nas relações do trabalho, o índice de desenvolvimento humano se acentua positivamente e com isto abrindo a oportunidade de novos mercados econômicos  e de trabalho. Já, nos países subdesenvolvidos, importadores de tecnologia, o índice de desenvolvimento humano é cada vez mais negativo com o desemprego em massa para dar lugar às novas tecnologias que têm como pressupostos básicos o menor custo e maior lucratividade.

A remuneração cada vez maior do capital econômico é uma forte desagregadora das sociedades subdesenvolvidas. 
 
O contraste das mudanças tecnológicas com a organização dos Estados subdesenvolvidos é cada vez maior.  O Estado não consegue avançar da sua forma mais primária e embrionária para a auto-sustentação de sua existência como Estado Soberano dentro do pensamento mais puro das teorias do Estado e da independência e autodeterminação de um povo.

O Estado e a sociedade subdesenvolvida não conseguem entender as mudanças e as armadilhas que estas escondem. Daí a abertura cada vez maior de um grande fosso que separa o mundo desenvolvido do subdesenvolvido e que engole inúmeras oportunidades de emprego.

III – MERCADO DE TRABALHO NO FUTURO

Há muitas teses sobre como serão as relações de trabalho neste século. A tese mais em volga é a de que não haverá mais empregos no sentido que conhecíamos antes, pois as mudanças são tão rápidas que não faz sentido dizer para um empregado: você será responsável por estas e aquelas atividades neste seu emprego. Uma semana depois que foi contratado com uma determinada atribuição descobriu que aquelas atividades não são mais necessárias. Diante disso, o que importa é o conhecimento adquirido pelo trabalhador e sua capacidade de se adaptar a novas situações que se apresentem a cada momento. A tecnologia da informação permite que, em certos tipos de atividades, o trabalhador possa atuar em qualquer lugar, se tiver um celular e um laptop. No mercado conectado pela internet é indispensável conhecer computadores e falar inglês. Essas características, juntas, definem a empregabilidade ou capacidade de se conseguir um emprego em determinados segmentos de trabalho.

Todas estas questões são baseadas no comportamento real de empresas e empregadores, mas, refletem apenas uma parcela do mercado de trabalho, especialmente no caso do Brasil, caracterizado pela convivência de atividades desde as mais primitivas até as mais avançadas.
  
Segundo Tony Jackson, comentarista do Financial Times, em seu artigo “Admirável mundo novo do trabalho,” há mais de 200 anos empregos vêm sendo extintos pelas maquinas, mas novos empregos estão surgindo para substituí-los com folga. Concordo com Tony Jackson se a análise foi feita no mercado de trabalho inglês e, discordo se esta afirmação foi também para o mercado de trabalho no mundo. A verdade é que as máquinas que já substituíam os músculos estão substituindo também nossos cérebros. Esta é a grande verdade em nosso século já prevista por Karl Max em meados do século XIX em sua obra “Os avanços tecnológicos e suas consequências”.

Os Estados subdesenvolvidos, em certo tempo; bastante tempo; não terão a capacidade de acompanhar, e, muito menos de encurtar a grande distância que os separam do mundo desenvolvido. A extensão desta dista distância e deste abismo é também, a extensão das oportunidades para  a empregabilidade. Os que ficarem apenas consumindo tecnologia comprada do mundo desenvolvido não conseguirão jamais alcançar um nível aceitável de empregabilidade. É necessário que a sociedade se capacite. Que os agentes do Estado se capacitem para entenderem melhor as mudanças tecnológicas e para que este funcione como agente regulador da relação do trabalho. O caminho inverso é a sujeição da sociedade à mera espectadora e vítima deste processo de mudança.

É fundamental que se conheça a máquina e a tecnologia de sua construção e não apenas a adquira sem a preocupação com os seus resultados, principalmente os relacionados com o comportamento humano.

O cidadão, a sociedade, os servidores públicos e o Estado precisam estar mais atentos e capacitados para entenderem e acompanharem as mudanças. Esta capacidade de compreensão adquirida é que propiciará a empregabilidade. 

IV – NOVAS CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS DO TRABALHADOR

      Ao longo do século, já passado, o setor industrial modernizou-se e automatizou-se reduzindo sensivelmente sua demanda por mão-de-obra em todo o mundo. Muitas das atividades que eram concentradas numa única fábrica foram transferidas para fornecedores e prestadores de serviços de menor porte. O Setor de Serviços expandiu-se muito e hoje é o setor que mais emprega. Como conseqüência, os métodos de administração e de organização do trabalho mudaram.

E continuam mudando numa velocidade cada vez maior. Hoje, com a drástica redução dos custos de transporte e de comunicações as empresas enfrentam competição mundial, num processo que ficou conhecido como globalização. Todos os setores experimentam contínua inovação, necessária para sobreviverem no mercado. Consumidores exigem produtos e serviços cada vez mais diversificados e de qualidade melhor.

O efeito disso no mundo do trabalho é a mudança do perfil do trabalhador procurado não só pelas empresas, mas, por toda a clientela. A palavra chave passou a ser flexibilidade. E, flexibilidade tem aquele que é qualificado em múltiplos processos. Se as empresas precisam ser ágeis e flexíveis para absorver novas tecnologia e atenderem a novas demandas de seus clientes antes que outra o faça, elas precisam encontrar essas características em seus empregados. O trabalhador não deve contar mais com um emprego estável, em empresa onde ele desenvolverá uma carreira, sendo promovido por tempo de serviço. A exceção será sempre o empregador público que deverá fortalecer esta característica como condicionante ao fortalecimento do Estado que será cada vez mais exigido na sua função de regulador da sociedade que cada vez mais se coletiva. Contrariamente do que pensam os neoliberais.

V - CAPACITAÇÃO: Pré-requisitos da empregabilidade.

A Capacitação significa um processo em que o conhecimento teórico está voltado para a própria prática. E, ao mesmo tempo quê a fundamenta; a ela subordina-se.

Trata-se de um conhecimento para a ação implicando necessariamente em mudanças do modo de pensar/atuar das pessoas. É, portanto, um processo transformador.

Parte-se de uma concepção metodológica que valoriza o processo de “aprender-fazendo” e a integração participativa entre agentes produtivos, técnicos e comunidades.

Somente através da capacitação é que o indivíduo terá a condição plena da empregabilidade. É necessário que o profissional de nível superior ou de nível médio das áreas administrativa, educacional e, assemelhadas, contextualize o Estado, o ambiente organizacional em que vive e tenha a capacidade de análises críticas, de efetuar pesquisas e de apresentar propostas para soluções de problemas. Para tanto, o processo de aprendizado e formação deverá ser contínuo. É necessário também, que o profissional tenha a capacidade de expor suas idéias em textos escritos e bem elaborados. Não importa a sua formação.

O raciocínio lógico e os conhecimentos sistêmicos são fundamentais na facilitação do processo de aprendizado.

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