Nildo Lima Santos. Consultor em administração
pública. Bel. em Ciências Administrativas. Pós-graduado em Políticas Públicas e
Gestão de Serviços Sociais.
I – CONCEITO:
Empregabilidade no conceito geral está
relacionado à capacidade que tem o mercado de absorver potencialidades humanas
para produção de bens e serviços ou, simplesmente, da capacidade do indivíduo colocar
bem suas potencialidades para disputa por este mercado.
II – A VELOCIDADE DAS MUDANÇAS E SEU
CONTRASTE COM OS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Enquanto nos países ricos – os
verdadeiramente desenvolvidos (EUA, Inglaterra, Japão, países da União
Européia) que lideram a economia e os avanços tecnológicos no mundo,
responsáveis pelas mudanças radicais nas relações do trabalho –, o índice de
desenvolvimento humano se acentua positivamente; e, com isto abrindo a
oportunidade de novos mercados econômicos
e de trabalho; nos países subdesenvolvidos, importadores de tecnologia,
o índice de desenvolvimento humano é cada vez mais negativo, com o desemprego
em massa para dar lugar às novas tecnologias que têm como pressupostos básicos
o menor custo e maior lucratividade.
A remuneração cada vez maior
do capital econômico é uma forte desagregadora das sociedades
subdesenvolvidas.
O contraste das mudanças
tecnológicas com a organização dos Estados subdesenvolvidos é cada vez
maior. O Estado não consegue avançar da
sua forma mais primária e embrionária para a auto-sustentação de sua existência
como Estado Soberano dentro do pensamento mais puro das teorias do Estado e da
independência e autodeterminação de um povo.
O Estado e a sociedade
subdesenvolvida não conseguem entender as mudanças e as armadilhas que estas
escondem; daí a abertura cada vez maior de um grande fosso que separa o mundo
desenvolvido do subdesenvolvido e que engole inúmeras oportunidades de emprego.
III – MERCADO DE TRABALHO NO FUTURO
Há muitas teses sobre como
serão as relações de trabalho neste século. A tese mais em volga é a de que não
haverá mais empregos no sentido que conhecíamos antes, pois as mudanças são tão
rápidas que não faz sentido dizer para um empregado: você será responsável por
estas e aquelas atividades neste seu emprego. Uma semana depois que foi
contratado com uma determinada atribuição descobriu que aquelas atividades não
são mais necessárias. Diante disso, o que importa é o conhecimento adquirido
pelo trabalhador e sua capacidade de se adaptar a novas situações que se
apresentem a cada momento. A tecnologia da informação permite que, em certos
tipos de atividades, o trabalhador possa atuar em qualquer lugar, se tiver um
celular e um laptop. No mercado conectado pela internet é indispensável
conhecer computadores e falar inglês. Essas características, juntas, definem a
empregabilidade ou capacidade de se conseguir um emprego em determinados
segmentos de trabalho.
Todas estas questões são
baseadas no comportamento real de empresas e empregadores, mas, refletem apenas
uma parcela do mercado de trabalho, especialmente no caso do Brasil,
caracterizado pela convivência de atividades desde as mais primitivas até as
mais avançadas.
Segundo Tony Jackson,
comentarista do Financial Times, em seu artigo “Admirável mundo novo do
trabalho,” há mais de 200 anos empregos vêm sendo extinguidos pelas maquinas,
mas novos empregos estão surgindo para substituí-los com folga. Concordo com
Tony Jackson se a análise foi feita no mercado de trabalho inglês e, discordo
se esta afirmação foi também para o mercado de trabalho no mundo. A verdade é
que as máquinas que já substituíam os músculos estão substituindo também nossos
cérebros. Esta é a grande verdade em nosso século já prevista por Karl Max em
meados do século XIX em sua obra “Os avanços tecnológicos e suas
conseqüências”.
Os Estados subdesenvolvidos,
em certo tempo; bastante tempo; não terão a capacidade de acompanhar, e, muito
menos de encurtar a grande distância que os separam do mundo desenvolvido. A
extensão desta dista distância e deste abismo é também, a extensão das
oportunidades para a empregabilidade. Os
que ficarem apenas consumindo tecnologia comprada do mundo desenvolvido não
conseguirão jamais alcançar um nível aceitável de empregabilidade. É necessário
que a sociedade se capacite. Que os agentes do Estado se capacitem para
entenderem melhor as mudanças tecnológicas e para que este funcione como agente
regulador da relação do trabalho. O caminho inverso é a sujeição da sociedade à
mera espectadora e vítima deste processo de mudança.
É fundamental que se conheça
a máquina e a tecnologia de sua construção e não apenas a adquira sem a
preocupação com os seus resultados, principalmente os relacionados com o
comportamento humano.
O cidadão, a sociedade, os
servidores públicos e o Estado precisam estar mais atentos e capacitados para
entenderem e acompanharem as mudanças. Esta capacidade de compreensão adquirida
é que propiciará a empregabilidade.
IV – NOVAS CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS DO
TRABALHADOR
Ao longo do século, já passado, o setor industrial modernizou-se e
automatizou-se reduzindo sensivelmente sua demanda por mão-de-obra em todo o
mundo. Muitas das atividades que eram concentradas numa única fábrica foram
transferidas para fornecedores e prestadores de serviços de menor porte. O
Setor de Serviços expandiu-se muito e hoje é o setor que mais emprega. Como
conseqüência, os métodos de administração e de organização do trabalho mudaram.
E continuam mudando numa
velocidade cada vez maior. Hoje, com a drástica redução dos custos de
transporte e de comunicações as empresas enfrentam competição mundial, num
processo que ficou conhecido como globalização. Todos os setores experimentam
contínua inovação, necessária para sobreviverem no mercado. Consumidores exigem
produtos e serviços cada vez mais diversificados e de qualidade melhor.
O efeito disso no mundo do
trabalho é a mudança do perfil do trabalhador procurado não só pelas empresas,
mas, por toda a clientela. A palavra chave passou a ser flexibilidade. E,
flexibilidade tem aquele que é qualificado em múltiplos processos. Se as
empresas precisam ser ágeis e flexíveis para absorver novas tecnologia e
atenderem a novas demandas de seus clientes antes que outra o faça, elas
precisam encontrar essas características em seus empregados. O trabalhador não
deve contar mais com um emprego estável, em empresa onde ele desenvolverá uma
carreira, sendo promovido por tempo de serviço. A exceção será sempre o
empregador público que deverá fortalecer esta característica como condicionante
ao fortalecimento do Estado que será cada vez mais exigido na sua função de
regulador da sociedade que cada vez mais se coletiva. Contrariamente do que
pensam os neoliberais.
V -
CAPACITAÇÃO:
Pré-requisitos da empregabilidade.
A Capacitação significa um
processo em que o conhecimento teórico está voltado para a própria prática. E,
ao mesmo tempo quê a fundamenta; a ela subordina-se.
Trata-se de um conhecimento
para a ação implicando necessariamente em mudanças do modo de pensar/atuar das
pessoas. É, portanto, um processo transformador.
Parte-se de uma concepção
metodológica que valoriza o processo de “aprender-fazendo” e a integração
participativa entre agentes produtivos, técnicos e comunidades.
Somente através da
capacitação é que o indivíduo terá a condição plena da empregabilidade. É
necessário que o profissional de nível superior ou de nível médio das áreas
administrativa, educacional e, assemelhadas, contextualize o Estado, o ambiente
organizacional em que vive e tenha a capacidade de análises críticas, de
efetuar pesquisas e de apresentar propostas para soluções de problemas. Para
tanto, o processo de aprendizado e formação deverá ser contínuo. É necessário
também, que o profissional tenha a capacidade de expor suas idéias em textos
escritos e bem elaborados. Não importa a sua formação.
O raciocínio lógico e os
conhecimentos sistêmicos são fundamentais na facilitação do processo de
aprendizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário