*Nildo Lima Santos
O que os senhores políticos estão a dizer à sociedade sobre a
descriminalização do “caixa dois”
praticado despudoradamente e criminosamente por eles e suas agremiações
políticas: “- Que o roubo ao estado pelos representantes desse estado, que se
confundem com esse mesmo, é evidentemente crime cometido pelo estado. E,
portanto, ao estado é dado o direito de cometer crimes contrariando as leis
gerais e os princípios estabelecidos por ele mesmo, nesta situação, sendo o
poder maior outorgado pelo povo através do processo de escolha dos dirigentes
públicos. Destarte, pelos princípios da igualdade e da razoabilidade, caixa
dois deixará de ser crime em toda sua extensão e daí, não mais existirá a
possibilidade de incriminar qualquer cidadão comum ou empresário que promova
arranjos em suas contas para a sonegação fiscal, seja através do ‘Caixa Dois’,
ou não.” Daí se conclui que: a proposta é definitivamente destinada a se
destruir de vez o Estado Brasileiro que, efetivamente, se consolidará como um
Estado Bandido, tanto, pela liberalidade e tolerância às más práticas dos seus
agentes representantes, quanto, pelo arcabouço das disposições das normas
jurídicas negadas em seus princípios e nos princípios do Direito.
A conclusão é a de que: não teremos mais um Estado e uma
sociedade organizada, mas, um ajuntamento de seres humanos desprovidos de
qualquer sentido de civilidade e de razoabilidade, os quais, manter-se-ão vivos
apenas pelo poder do mais forte pelo uso dos artifícios da barbárie. Então, as
bombas que hoje servem para arrombar caixas eletrônicos, cofres de bancos,
empresas de segurança e carros fortes, servirão também, para a destruição das
rampas do Planalto e do Congresso Nacional e as colunas do Supremo Tribunal
Federal. E, as armas que servem para a sustentação dos bandidos facínoras
servirão, para o uso da grande massa de indivíduos barbarizados pelo Estado – que
se fez bandido e se reforça neste sentido, na sua negação como estado legal e
soberano. Daí já se justificarão as barbáries, no reconhecimento da
legitimidade dos atos de barbárie praticados, como o “direito de barbarizar”.
Um novo direito, evidentemente, com a origem nos costumes, mas, que enterrarão
de vez o direito à segurança e à integridade física, que outrora era a
obrigação do Estado a sua manutenção. E, como parte integrante desse ramo do
direito, o do uso das armas que matam e intimidam na contenção dos agentes do
estado. Sejam estes do fisco ou no exercício de quaisquer outras funções inerentes
ao “poder de polícia administrativa ou judicial do estado”. O estado não mais
será reconhecido pelos três Poderes da República que já se fazem em lama, mas,
pelo império da barbárie e, tais Poderes, efetivamente e definitivamente, se
transferirão para o domínio dos bárbaros que escravizarão parte da população
através do terror imposto pela desordem e cujas leis serão os ecos da queima de
pólvoras e o zunido das balas cortando os céus, corpos, carnes e almas em um
País que outrora foi reconhecido como uma Nação formada por humanos, que
gradativamente, perante o julgamento dos povos de outros países, já se
reconhecem como animais irracionais e despudorados, sem a mínima credibilidade
em todos os sentidos. É a isso que estamos caminhando a passos largos, já que
estamos inseridos nesse processo ao longo de décadas que já são contabilizadas
como décadas perdidas. Está faltando o quê, para a mobilização de alguma
instituição que possa mais representar o poder do bem, neste País, na defesa da
soberania nacional e do que resta de decência nesta Nação?!
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