segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Podridão do Estado Brasileiro. Carta expõe as vísceras do mal




Nildo Lima Santos

Inadmissível, em pleno século vinte e um estarmos vivendo um Estado que não justifica, em nenhuma situação ser formado por um povo temente a Deus. Ser de uma sociedade que se diz Cristã.

A liberalidade implantada após os governos sérios militares nega qualquer sentido lógico de organização social digna de ser reconhecida por “sociedade desenvolvida”. É o Brasil deste início de século XXI um estado de barbárie onde o seu povo quedou-se aos encantos de um mágico encantador de burros que se cumpliciou com oportunistas e idealistas, não menos bandidos, para destruir um Estado que era respeitado no mundo, mesmo contando com algumas mazelas desse mesmo povo, com relação a comportamentos de uma gente que se quer sem freios e sem compromissos de uns para com os outros.

Os ingredientes foram perfeitos para os propósitos vis de políticos associados aos burros oportunistas que não tem a capacidade de prever o raiar de um próximo dia que se avizinha ao que está vivendo. Propósitos de destruir toda uma sociedade em sua história e nos pequenos valores que as tinha, em favor de uma suposta ideologia que se reconhece no mundo ser a que mais mutilou famílias, pessoas e matou gente na face da terra.

A carta do Palocci retrata, - temo ser tardiamente! – a realidade de uma podridão incalculável nas vísceras expostas da República Brasileira. Não me venham com a justificativa de que as coisas se resolverão entre eles aboletados nos Poderes da República, em todos eles, em especial no Poder Judiciário que já se reconhece podre e parcial na cumplicidade com seus pares da advocacia que negam a lógica de justiça e do direito. A mistura entre os Poderes da República foi feito de forma insana por uma Constituição que pecou pelos corporativismos e tendências inescrupulosas de categorias de servidores e políticos que já estavam aboletados nas hostes públicas civis de bandidos que esperavam apenas o momento certo para o golpe derradeiro na apropriação do Estado em favor próprio e de suas famílias.

Os três Poderes da República exorbitaram em suas demandas que não foram republicanas, mas, tão somente demandas dos caciques que os dominaram e, ainda, os dominam, dando as ordens ao favor de suas conveniências e em desfavor da República.

Acertadamente Montesquieu já informava sobre a mistura dos Poderes da República: apenas dois se misturando já era motivo de ser reconhecido um Estado corrupto, agora, imaginem os três Poderes misturados na mesma linha de sustentação mútua entre os seus integrantes que se sustentam presos entre os rabos, assim como qualquer quadrilha.
  
A carta do Palocci é uma declaração e prova com fé pública do que realmente fizeram, os bandidos com o Brasil.

Solução política entre os que aí estão...? ...não esperem !!! Pois jamais haverá com essa gente, apátrida e sem escrúpulos, que fincou raízes dentro do erário junto com os seus herdeiros para longos anos.




CARTA DO ANTONIO PALOCCI FILHO, ex-Ministro todo poderoso dos governos Lula e Dilma, fundador do Partido dos Trabalhadores.  

                                                        Curitiba/PR, 26 de setembro de 2017.
Ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
A/C. Presidente GLEISI HOFFMANN

Senhora Presidente,

Soube pela Imprensa da abertura do processo disciplinar pelo PT-RP, bem como de minha suspensão pelo Diretório Nacional por 60 dias. Confesso minha estranheza sobre o conteúdo do referido processo. Neste último período, havia me preparado para enfrentar junto ao partido um procedimento de natureza ética frente à recente condenação que sofri na 13ª Vara Federal de Curitiba, pelo DD. Juiz Sérgio Fernando Moro. Pensava ser normal que o partido procurasse saber as razões que levaram a tal condenação e minhas eventuais alegações. Mas nada recebi sobre isso.
Recebo agora as notícias de abertura de procedimento ético em razão das minhas declarações no interrogatório judicial ocorrido no último dia 06/09/2017, sobre ilegalidades que cometi durante os governos de nosso partido.
O procedimento questiona minhas afirmações a respeito do ex-Presidente Lula. Sobre isso, tenho a dizer que:
1) Há alguns meses decidi colaborar com a Justiça, por acreditar ser este o caminho mais correto a seguir, buscando acelerar o processo em curso de apuração de ilegalidades e de reformas na legislação de procedimentos públicos e na legislação partidária-eleitoral, que reclama urgente modernização.
2) Defendo o mesmo caminho para o PT. Há pouco mais de um ano tive oportunidade de expressar essa opinião de uma maneira informa a Lula e Rui Falcão, então presidente do PT, que naquela oportunidade transmitia uma proposta apresentada por João Vaccari, para que o PT buscasse um processo de leniência na Lava Jato.
3) estou disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre as ilegalidades que cometi durante nossos governos, as razões e as circunstâncias que me levaram a estes atos e, mesmo considerando a força das contingências históricas, suportar pessoalmente as punições que o partido julgar cabíveis.
4) Não vejo possibilidade, entretanto, de colaborar no processo aberto pelo partido sobre minhas afirmações quanto às responsabilidades do ex-Presidente Lula nas situações citadas por ocasião do interrogatório de 06/09/2017. Isso porque tais questões Fazem parte do processo de negociação com o MPF, e tal procedimento encontra-se envolto em sigilo legal. Foi por isso que naquela oportunidade limitei-me a fatos relacionados àquele processo. Dito isto, declaro minha disposição de responder aos questionamentos do partido sobre qualquer tema, logo após os prazos legais.
5) De qualquer forma, quero adiantar que, sobre as informações prestadas em 06/07/2017 (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto Lula e ao Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros. São situações que presenciei, acompanhei ou coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-Presidente Lula. Tenho a certeza que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer no “mensalão”, quando numa importante entrevista concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas realizadas sob a égide do caixa dois, e que era assim com todos os partidos. Naquela oportunidade ele parou por aí, mas hoje sabemos que é preciso avançar na abertura da caixa preta dos partidos e dos governos, para o bem do futuro do país.
6) Ressalvo que minha principal motivação nesse momento é que toda a verdade seja dita, sobre todos os personagens envolvidos.
7. Sob o ponto de vista político, estou bastante tranquilo em relação à minha decisão. Falar a verdade é sempre o melhor caminho. E, neste caso, não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula.
Vocês sabem que procurei ajudar no projeto do PT e do presidente Lula em todos os momentos. Convivi com as dificuldades e os avanços. Sabia o quanto seria difícil passar por tantos desafios políticos sem qualquer desvio ético. Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo. Com pleno emprego conquistado, com a aprovação do governo a níveis recordes, com o advento da riqueza (e da maldição) do pré-sal, com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, “o cara”, nas palavras de Barack Obama, dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do “tudo pode”, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumularam são apenas detalhes, notas de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a todos.
Alguém já disse que quando a luta pelo poder se sobrepõe à luta pelas ideias, a corrupção prevalece. Nada importava, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo, que redobrou as apostas erradas, destruindo, uma a uma, cada conquista social e cada um dos avanços econômicos tão custosamente alcançados, sobrando poucas boas lembranças e desnudando toda uma rede de sustentação corrupta e alheia aos interesses do cidadão. Nós que nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente, acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes políticos.
Um dia, Dilma e Gabrielle dirão a perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião na biblioteca do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas, no mesmo tom, sem cerimônias, na cena mais chocante que presenciei do desmonte moral da mais expressiva liderança popular que o país construiu em toda nossa história.
Enfim, é por todas essas razões que não compreendo o processo aberto agora. Enquanto os fatos que me eram imputados e eu me mantive calado não se cogitava minha expulsão. Ao contrário era enaltecido por um palavrório vazio. Agora que resolvo mudar minha linha de defesa e falar a verdade, me vejo diante de um tribunal inquisitorial dentro do próprio PT. Qual o critério do partido? Processos em andamento? Condenações proferidas? Se é este o critério, o processo de expulsão não deveria recair apenas contra mim.
Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do “homem mais honesto do país” enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos a Dona Marisa?
Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?
Chegou a hora da verdade para nós. De minha parte, já virei essa página. Ao chegar ao porto onde decidi chegar, queimei meus navios. Não há volta. Depurar e rejuvenescer o partido, recriar a esperança de um exercício saudável da política será tarefa para nossos novos e jovens líderes. Minha geração talvez tenha errado mais do que acertado. Ela está esgotada. É a nossa obrigação abrir espaço a novas lideranças, reconhecendo nossas graves falhas e enfrentando a verdade. Sem isso não haverá renovação.
E tenho razões ainda maiores. Nas últimas décadas, sempre me decidi pelo PT, pela política, e minha família sempre aceitou, suportou e sofreu com isso. Agora decidi pela minha família! E o fiz com a alma tranquila.
Desde que fundei o PT há 36 anos, em Ribeirão Preto com um grupo de amigos, na sede do Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina, entre 1980/1981, dediquei-me totalmente ao partido, à política e a nossos governos.
Tive a honra e felicidade de ser vereador e prefeito de minha cidade por duas vezes. Tive a honra de servir aos governos de Lula e Dilma. Enfrentei como Ministro da Fazenda uma das mais duras crises econômicas de nossa história, mas a competência de meus assessores permitiu um trabalho com fortes e duradouros resultados. Nunca supus que o governo tenha desandado com minha saída em 2006. Na verdade, o caminho até a crise de 2008 foi, do ponto de vista do projeto de desenvolvimento, de grande sucesso. Mas, como o ovo da serpente, já se via, naqueles melhores anos, a peçonha da corrupção se criando para depois tomar conta do cenário todo.
Coordenei várias campanhas eleitorais, em vários níveis e pude acompanhar de perto a evolução de nosso poder e nossa deterioração moral. Assumo toda as minhas responsabilidades quanto a isso, mas lamento dizer que, nos acertos e nos erros, nos trabalhos honrados e nos piores atos de ilicitudes, nunca estive sozinho.
Por isso concluo:
1) Continuo a apoiar a proposta de leniência do PT.
2) Após respeitar os prazos legais de sigilo quanto a minha colaboração com a Justiça, terei toda a disposição para esclarecer e depor perante o partido sobre todos esses temas.
3) Com humildade, aceitarei qualquer penalidade aprovada. Mas ressalto que não posso fazê-lo neste momento e neste formato proposto pelo partido onde quem fala a verdade é punido e os erros e ilegalidades são varridos para debaixo do tapete.
Por todas essas razões, ofereço a minha desfiliação, e o faço sem qualquer ressentimento ou rancores. Meu desligamento do partido fica então à vossa disposição.
Saudações cordiais,


ANTONIO PALOCCI FILHO                

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