*Nildo Lima Santos
Premissas:
O avanço da
tecnologia escraviza o pensamento da maioria dos indivíduos e é verdadeiramente
responsável pelo afunilamento do conhecimento complexo construído no raciocínio
por princípios.
As máquinas construídas pela alta
complexidade do raciocínio humano, se por um lado ajudam ao ser humano nas
soluções mais acertadas e ágeis para melhor qualidade de vida; por outro, são
as maiores responsáveis pela escravização de grande parte dos indivíduos que
apenas – pelo comodismo natural, característico do prazer pelo conforto –
utilizam tais recursos para o prazer de ter e estar e, não o de ser. É a
tendência natural que acomoda o cérebro a não pensar. A não questionar, o porquê
das coisas e, o porquê da vida. Destarte, definitivamente, afastando-se do
hábito de pensar e, aceitar as coisas, naturalmente, apenas pela aparência, sem
a possibilidade de enxergar o que de fato está por trás de tudo isto; já que,
não foi habituado ao raciocínio por princípios. Este fenômeno – que o reconheço
como natural – ocorre em todos os níveis da atividade humana, quando deixa para
a máquina as tarefas mais complexas de pensar. Não lhes interessa como se
chegou à solução do problema, mas, apenas, a objetiva solução do problema.
Pilotos de avião já não mais sentem o avião e, apenas operam pelo que a máquina
decide. Advogados e juízes não mais raciocinam por princípios – deixando-os à
cargo dos doutrinadores – e, apenas repetem decisões já proferidas por outros
juízes e, pela aparência do problema que não reflete a verdade. Destarte, se
tem a conclusão que: um dos maiores problemas causados pelo avanço tecnológico
é a robotização do homem e, que se torna mais grave na interferência nas áreas
das ciências comportamentais e, que são necessárias a serem compreendidas para
o aprimoramento do convívio da sociedade humana.
A ociosidade da mente humana não
permite que os complexos conceitos sociológicos sejam compreendidos; em razão
de exigirem a complexidade de inteligência, que deverá funcionar por
princípios, assim como o músico e a orquestra que constroem e reproduzem as
notas musicais por partituras e, não tão somente de ouvido. Quando o indivíduo
aprende a tocar somente de ouvido não gozará este da possibilidade da multiplicação
dos arranjos propiciada pelas múltiplas combinações das notas musicais.
Destarte, por comparação, o comportamento das organizações sociais, dentre eles
o Estado, deverá ser tocado por partituras e, não tão somente de ouvido; vez,
que, as partituras obedecem aos princípios e, os arranjos das notas tornar-se-ão
mais aprimorados e, portanto, mais harmoniosos.
Como organização social, tem maior
complexidade a “organização do estado” que, infelizmente – tomando como exemplo
o Estado brasileiro – tem sido tocado pelas aparências não contestadas pelos
indivíduos comuns; por que estes não têm a capacidade de compreendê-lo, assim
como também, não conseguem entendê-lo, os que se lançam para a sua direção que,
por consequência, levam a sociedade aos desastres sociais. Agentes políticos
dirigem grandes máquinas sem o preparo e a compreensão necessária da
complexidade da máquina administrativa e de sua interdependência como mega sistema
organizacional. Daí, tudo pode acontecer em deterioração da sociedade humana: 1.
Juízes decidem por conveniências e, por aparências; 2. Deputados e senadores
legislam destruindo a lógica sistêmica do Estado e, contra a sua racionalidade;
legislam por conveniências e, pelas aparências; 3. Membros do Ministério
Público e dos Tribunais de Contas, induzidos pelas aparências, se equivocam em
suas análises ou se cumpliciam nelas para atenderem as conveniências das
amarras de um Estado mal concebido organicamente onde os Poderes da República transformam-se
em apenas um único Poder. O Poder Político Dominante. Poder este que é
representado pelo Poder Executivo, através do Presidente da República,
Governadores e Prefeitos, que, assim, como os demais indivíduos, sem o preparo
necessário para este entendimento são verdadeiros vetores do atraso e das
catástrofes sociais.
O afunilamento da inteligência
complexa e necessária à complexidade dos dias modernos, a cada dia se torna
mais agudo com a concentração em alguns indivíduos privilegiados pelas
oportunidades da pesquisa e, do mercado. Os quais são pinçados pelas grandes
corporações dos países desenvolvidos que creditam a estes: o compromisso da
criação para a produção em larga escala de produtos que possam ser massificados
em benefício do capital; e, em benefício do conforto e bem estar humano que, contraditoriamente,
nas rotinas copiadas e aparentes em detrimento das atividades cerebrais,
especulativas e criativas, alimentam o processo de alienação da mente de
indivíduos, em um ciclo verdadeiramente perigoso para a espécie humana.
*Nildo Lima
Santos. Consultor em Administração Pública. Pós-graduado em Políticas Públicas
e Gestão de Serviços Sociais.
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