A perda de poder do Estado, no
seu poder de polícia, há muito já anuncia as tragédias nas cidades brasileiras.
A política a qualquer custo que coloca nos cargos públicos agentes incapazes –
pela incompetência, pela irresponsabilidade, pela falta de caráter, pelo
oportunismo, pela esperteza – pinçados ou catapultados da doente sociedade
brasileira que confunde política com malandragem e, por assim ser malandra
também, não possibilita o império da lei e, portanto, as providências tão
necessárias ao disciplinamento desta sociedade doente que não se apercebe deste
imenso câncer que cresce e contamina todas as células de fundamental
importância para a sua sobrevivência saudável. É uma contaminação que, apesar
de não ser silenciosa, conseguiu debilitá-la ao extremo, ao ponto de não ter
sequer a vontade de reagir contra este grande mal que assola o Brasil. O Estado
sem poder por estar nas mãos dos incompetentes. O estado sem poder, por não ter
a credibilidade tão necessária para que seja reconhecido como Estado pleno de
direito e de fato não consegue ser previdente pela carência de legitimidade que
necessariamente exige o reconhecimento na ética, na moral, no respeito às leis
e às instituições e na qualidade e boa formação dos que se lançam às funções de
comandar as funções públicas e de administrar os serviços inerentes às mesmas.
Um bom exemplo de Estado sem este poder (de polícia) foi demonstrado,
vergonhosamente, pela imprensa no episódio do hasteamento da Bandeira
Brasileira nas favelas conquistadas do domínio do tráfico de drogas e de armas
no Rio de Janeiro. Para quem conhece as teorias do estado, uma verdadeira
confissão da incompetência e de perda de poder do Estado oficial. Isto é: perda
do seu poder de polícia. Condição essa a que chegou com a evolução em crescimento
acelerado do império das liberalidades onde a máxima é: “não contrariar os desobedientes e infratores da lei para que não perca
o voto que é o capital de fundamental importância no processo político deste
país”. Na caça ao voto é tudo permitido em nome de uma falsa democracia.
Vale o descumprimento das regras jurídicas, dos instrumentos normativos, das
regras constitucionais e legais – das
regras que eles próprios editam e por consequência as desmoralizam – das
regras de boa convivência social e, por aí afora. O que importa é o poder de
qualquer forma – já que é notório que os
fins têm justificado os meios, nessa área – e, daí constrói-se sobre os
rios e riachos – caminhos naturais das
águas –, nas encostas, sobre os lagos. Constrói-se de qualquer maneira em
invasões de terras amparadas pela violência praticada por movimentos sociais,
como se esses fossem as próprias leis – verdadeiros marginais de qualquer
processo de moralização e fortalecimento de uma sociedade, que se queira para o
Estado previdente e providente nas garantias institucionais e individuais dos
seus cidadãos, através de avais e apoio: de instituições políticas partidárias,
religiosas; de governantes e de organizações civis não governamentais que
sobrevivem no cumprimento da lei – já em
raridade! – no caos de uma Nação que se apodrece nos Poderes que já se
reconhece, por qualquer ordem civilizada, como: Estado Bandido.
Por estas constatações as
tragédias, infelizmente, continuarão a ser anunciadas por longo tempo, e
enquanto isto: morrerão brasileiros nos aeroportos, nas zonas urbanas – por
acidentes e chacinas e outras violências comuns –, nas estradas, nas filas dos
caixas eletrônicos e dos bancos, no simples direito de ser o posseiro legal de
algum patrimônio móvel ou imóvel, nas filas dos hospitais, nos surtos endêmicos
de doenças transmitidas pelos insetos proliferados dos lixos que contaminam as
cidades e, dos esgotos e águas – não tratados –, nas enchentes, nos vícios do
craque e da cocaína, e da maconha que sepultam sonhos, infâncias e
juventudes.
Esperanças neste Estado??? ...não as tenho!!! ...pelo simples fato
de estar vendo e constatando estar se prolongado um tipo de política que cada
vez mais enraíza uma forma de poder que, contraditoriamente, nega o Poder do
próprio Estado. É o poder transferido do
Estado para os que este os represente por força da delegação da sociedade,
completamente doente, através dos resultados das urnas – não importando se por
fraudes, estelionatos ou outros artifícios quaisquer, enfim, os fins justificam
os meios!!! Não existe mais o mérito de bem servir ao Estado. Mas, tão somente
de bem servir a quem o representa e, nisto, este País evoluiu muito nos últimos
vinte e tantos anos.
Um dia, quiçá, este Estado mude!
Com certeza não estarei vivo para testemunhá-lo. Mas, é necessário para os
nossos bisnetos e queira Deus os nossos netos que testemunhem a tão esperada
mudança necessária para os avanços da Nação como sociedade humana onde se veja,
ao mínimo a “Ordem e o Progresso”.
Nildo Lima Santos. Consultor
em administração pública e em desenvolvimento organizacional. Pós graduado em
políticas públicas e gestão de serviços sociais.
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