sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O capital. Forma original do reconhecimento da democracia


Nildo Lima Santos. Consultor em administração pública. Especializado em políticas públicas UFPE-Recife


O capital é a forma mais original do reconhecimento da democracia. Raciocinemos retornando aos primórdios da humanidade, ainda, na época das cavernas. O homem para sobreviver tinha que adentrar na selva em busca de alimentos, frutos, raízes e caças. Então, requeria do indivíduo com essa função a coragem para enfrentar as diversidades e perigos em campo aberto e exposto às feras vorazes e carnívoras. A coragem, com certeza, não era para todos os indivíduos e, portanto, era o capital para quem tinha este atributo e, que, ao agrupamento de indivíduos em estágio pré-tribal e para si, propiciava a si, nas sobras, saciar a necessidade básica que é de alimentação. Outros indivíduos menos corajosos ou sem coragem nenhuma para encarar as feras, mas, com os atributos da observação e da Inteligência criativa, em segurança, desenvolveram, com certeza, outras habilidades, dentre as quais: às de confeccionar armas de caça (arpões, arcos, flechas e, lanças). Era, portanto, a indústria artesanal nos primórdios da humanidade e, era o capital que detinham para a satisfação das suas necessidades básicas na troca de tais instrumentos pelo excedente da caça do homem caçador. Daí, a conclusão que o produto artesanal, pela força do trabalho do artesão, considerada capital, transformava-se em outro capital mais duradouro e produtivo, que chamamos modernamente de bem de capital; vez que propiciava a geração de mais capital, tantas vezes fosse repetida em um processo de caça. Daí, naturalmente, a possibilitar a agregação de maior valor do que o valor de uma simples caça abundante e, presa mais fácil com o uso da arma que, inclusive proporcionava maior segurança. Daí reconhecermos as especializações: uns em caçar e outros em produzir instrumentos de caça. Na ocorrência repetitiva deste processo nas funções relacionadas: à organização rudimentar para a caça; à organização do trabalho de produção de instrumentos de caça; à segurança dos que ficavam nas cavernas e, à segurança dos caçadores; ao preparo dos alimentos; surgiram naturalmente, as relações econômicas e sociais e, portanto, a evolução destas relações que ainda ocorrem até os dias de hoje, inclusive, as que dão sentido ao conceito de democracia. Destarte, desde os primórdios é verdadeiro se afirmar que: “o capital propiciou e sempre propiciará o desenvolvimento da humanidade e, com isto, também, em grande escala o da democracia”.


Ainda, nos primórdios das cavernas, com o surgimento das funções básicas e determinantes da sociedade humana, devemos raciocinar que na história deve ter ocorrido o seguinte processo, simultaneamente com a fase mais primária das funções relacionadas à alimentação: na relação de troca do capital e da necessidade de segurança das famílias e dos indivíduos do grupo familiar, naturalmente, tenha se destacado como mais arguto mediador dos conflitos entre a troca de mercadorias – portanto relação capitalista – e, a orientação na organização do sistema de segurança do grupo, naturalmente, mais bem preparado, na arte de pensar e criar, passando então a ser o principal conselheiro do grupamento humano já visto a partir de então, em sociedade. Esta liderança, surgida do capitalismo, de forma natural, com a aquiescência da maioria dos indivíduos da sociedade pré-tribal – portanto, sem imposição –, poderemos reconhecer que ali já surgia o nascimento da democracia, vez que, se dava através da escolha, pelo reconhecimento, “do povo para o povo”. Portanto, é verdadeiro se afirmar que: “a democracia surgiu com o capital e, sempre andaram lado a lado”. Portanto, não é correto se afirmar que: “o capitalismo nega a democracia”. – Mas, muito pelo contrário: “o capitalismo propicia a manutenção da democracia”.      


Ao negar a relação do capital com a democracia, estar-se-á, portanto, cometendo crime contra o desenvolvimento da sociedade humana. Faz-se ressalva tão somente ao capital ilícito e, em menor proporção àquele onde uma nação se sobrepõe à outra através da exploração fácil, sujeitando-a à insuportáveis perdas de divisas. As conhecidas perdas internacionais. Mas, mesmo assim, ainda são capazes de buscar, através do sistema democrático a possibilidade da correção dos rumos por soluções negociais nos fóruns de União de Estados que, são os estágios mais altos das relações da sociedade humana para o atendimento de suas demandas de bens e serviços, dentre os quais os sociais, portanto, das demandas de capitais por terem agregados a si valores intrínsecos funcionando na base de permutações constantes e necessárias para a vida cotidiana da sociedade em geral.            



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